Aparente surto de cólera na Etiópia deixa 680 mortos

ONU diz que epidemia infectou mais de 60 mil pessoas no país africano

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Por Agencia Estado
Atualização:

Mais de 680 pessoas morreram na Etiópia em um aparente surto de cólera que também afetou países vizinhos, informaram entidades assistenciais nesta quarta-feira, 21. Mais de 60 mil pessoas foram infectadas e a Organização das Nações Unidas (ONU) já alertou que se trata de uma epidemia. Mesmo assim, o Ministério da Saúde resiste às pressões para declarar estado de emergência. "O fato de o surto estar se espalhando para novas áreas do país é causa de grande preocupação", disse Paul Hebert, diretor da Agência de Coordenação Humanitária da ONU, conhecida pelas iniciais Ocha, na Etiópia. "A real extensão desse surto ainda precisa ser avaliada", prosseguiu. A ONU ainda não declarou oficialmente que o surto, iniciado há cerca de um ano, é de cólera. A afirmação só é feita em conversas reservadas nas quais as fontes exigem anonimato. Apenas na semana passada, a região de Afar, no leste etíope, registrou mais de mil novos casos, mas as autoridades locais recusam-se a admitir a gravidade da situação. Surto reservado Funcionários do Ministério da Saúde da Etiópia alegam que não se trata de um surto de cólera, mas recusam-se a compartilhar os resultados dos exames realizados até agora nos pacientes afetados. O surto começou em abril do ano passado, quando o país foi afetado por fortes chuvas. Os vizinhos Quênia e Somália também foram afetados. Desde outubro, mais de mil pessoas foram infectadas na capital de Uganda. No Quênia, 17 pessoas morreram no período. "Uma vez que a doença esteja presente por um longo período, a probabilidade de ela ser eliminada torna-se reduzida", lamentou Hebert. "Não creio que estejamos lidando com esse assunto na escala necessária e é preciso combater a doença para que haja algum resultado", prosseguiu. O cólera é transmitido por meio de água contaminada e está relacionado a condições precárias de higiene, à superpopulação e à falta de sistemas adequados de saneamento. A doença pode ser tratada com relativa facilidade, mas ainda provoca muitas mortes em países em desenvolvimento.

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