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Aparições públicas frequentes ajudam Díaz-Canel a modernizar presidência de Cuba

Há pouco mais de um mês no cargo, novo líder da ilha socialista tem estilo completamente diferente de seu antecessor, Raúl Castro, que preferia trabalhar nos bastidores; ele precisará apresentar bons resultados à frente do país, especialmente na economia, para não limitar seu governo

Atualização:
Miguel Díaz-Canel (centro) ao lado do vice-presidente José Ramon Machado Ventura (D) em evento em Havana; novo líder cubano é fã dos Beatles e dos Rolling Stones Foto: REUTERS/Alexandre Meneghini

HAVANA - Depois de uma década governados por um presidente que raramente discursava e passava semanas sem fazer aparições em público, os cidadãos cubanos agora têm outro tipo de líder. Enquanto Raúl Castro era um militar que gostava de trabalhar nos bastidores, o recém-eleito Miguel Díaz-Canel, de 58 anos, chegou à presidência de Cuba com um novo estilo, muito mais parecido como o dos políticos modernos convencionais.

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Ele tem feito aparições públicas frequentes desde seu primeiro dia no cargo, há um mês, primeiro prometendo melhorias e coisas triviais, como os sistemas de coleta de lixo e de transporte da ilha, e, agora, como o rosto do governo nas ações de resgate em resposta ao acidente com o Boeing 737 da Cubana de Aviación, na semana passada.

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O presidenteDíaz-Canel (C) visita local do acidente aéreo. Foto: Yamil Lage/AFP

A primeira imagem que muitos cubanos viram do desastre tinha Díaz-Canel no centro, andando pela cena dos destroços com as mangas arregaçadas. Nos dois dias que se seguiram, ele fez repetidas visitas aos pacientes hospitalizados, às famílias em luto, aos investigadores forenses e aos funcionários de aviação que lideravam o inquérito do caso.

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"Díaz-Canel está se colocando diante do público para que o público o veja. Muitos dos lugares onde ele tem aparecido ou as questões que tem examinado têm a ver com as preocupações do cotidiano das pessoas", disse José Raúl Viera Linares, ex-vice-ministro de Relações Exteriores do país. Para ele, o foco do novo presidente não são as declarações ideológicas, mas as coisas práticas.

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O ponto de vista de Viera Linares está em sintonia com o histórico de Díaz-Canel na política regional de Cuba. Ele fez carreira como funcionário público dedicado e incansável. Foi professor e líder provincial do Partido Comunista, conhecido na região de Villa Clara por ir trabalhar de bicicletae receber os moradores com reclamações ou sugestões em sua casa a qualquer momento.

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Quando se tornou presidente, ele sumiu de vista dos moradores de Villa Clara, mas passou a ser visto por todo o país. "Díaz-Canel tem demonstrado um nível incomum de atividades em público durante seu primeiro mês, o que é anormal para o presidente de Cuba, mas comum para ele em seus cargos anteriores", disse o blogueiro Harold Cárdenas, que recebeu o apoio de Díaz-Canel quando o governo cubano tentou fechar seu blog.

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Mas a questão não é apenas sobre aparições públicas. Cárdenas explica que, junto do novo estilo de governar, Díaz-Canel também vai ter que mostrar resultados no país que enfrenta as consequências de anos de ineficência, falta de investimento e uma economia fraca. Os serviços públicos estão deteriorados, a infraestrutura está desmoronando e a população se torna cada vez mais pessimista e desencantada.

"Seu sucesso será limitado se não conduzir bem a economia", diz o blogueiro. "Os cubanos são pessoas acostumadas com o sacrifício pessoal em nome de uma causa, mas são relutantes a se sacrificar sem uma razão clara", completa. / AP

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