''Apesar da guerra e do ódio, ainda há esperança''

Segundo cineasta, eleitores tendem para a direita por indiferença e raiva, mas querem tranquilidade para seguir suas vidas

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Por Redação
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Um dos mais renomados diretores e produtores de cinema e TV de Israel, Eran Riklis, de 54 anos, vê com preocupação a subida da direita nas pesquisas eleitorais. Aclamado em festivais internacionais com filmes como Lemon Tree e A noiva síria - que tem o conflito entre Israel e o mundo árabe como pano de fundo -, ela diz que, apesar do ódio e da violência, ainda há esperança no Oriente Médio. Riklis, que morou no Rio de Janeiro dos 14 aos 17 anos, afirma que seus filmes mostram justamente que a realidade é mais complexa do que se vê no noticiário. Os israelenses parecem tender para a direita nas eleições. Por que? Por indiferença e raiva. Os dois sentimentos são resultado de uma época muito complicada pela qual passamos. A indiferença é fruto do ceticismo em relação aos políticos locais. E a raiva vem da sensação que os israelenses têm de que o mundo não os entende. A guerra em Gaza piorou ainda mais a imagem de Israel no mundo e o povo se pergunta: "Estamos certos e o outro lado é maluco. Por que ninguém nos dá razão?" Acabam tendendo a eleger um candidato durão. O que esperar do futuro num cenário como esse? Apesar da realidade de guerra, de violência e de ódio, há também um grupo - de direita e esquerda - que quer a paz. A pergunta é: como fazer a paz? Do que cada um está disposto a abrir mão? No final das contas, todos que moram aqui - judeus, muçulmanos, cristãos, laicos - querem tranquilidade para seguir suas vidas em paz. O senhor é, então, um otimista... Tenho de ser. Faço filmes e, se não tiver otimismo, não terei motivação para continuar. As críticas a Israel afetam seu trabalho? Seus filmes já sofreram algum tipo de boicote? Não. Acho que as pessoas no mundo ainda sabem distinguir entre a cultura de um país e as ações do governo. Sabem que Israel não é uma coisa só.

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