Apesar de conflito histórico, Shinzo Abe pretende assistir aos Jogos de Inverno na Coreia do Sul

Japão e Coreia do Sul compartilham uma história negativa do período de colonização da península, quando mulheres sul-coreanas foram obrigadas a trabalhar em bordéis militares do Exército imperial

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TÓQUIO - O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse que pretende assistir aos Jogos Olímpicos de Inverno na Coreia do Sul. A declaração veio após rumores de que ele não compareceria ao evento devido a um conflito histórico entre os países.

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Japão e Coreia do Sul compartilham uma história amarga que inclui a colonização da península pelos japoneses e a questão das "mulheres de conforto", obrigadas a trabalhar nos bordéis militares do Exército japonês.

Shinzo Abe, primeiro-ministro do Japão. Foto: Kimimasa Mayama/EFE

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"Gostaria de assistir à cerimônia de abertura para animar as atletas japonesas", disse Abe em uma entrevista publicada nesta quarta-feira, 24, pelo jornal conservador Sankei Shimbun. "Os Jogos Olímpicos são uma celebração de paz e dos esportes, e o Japão sediará Tóquio 2020", completou, em referência aos Jogos Olímpicos de Verão que ocorrerão daqui dois anos na capital japonesa.

Abe tinha sugerido que, talvez, não assistisse à competição em sinal de protesto pela questão das mulheres. Esse assunto interfere nas relações bilaterais há décadas, uma vez que muitos sul-coreanos o consideram o símbolo dos abusos e da violência cometidos pelo Japão durante a dominação colonial entre 1910 e 1945.

Sob um acordo de 2015, alcançado pelo antecessor de Abe e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, o Japão pediu desculpas a essas mulheres e forneceu um fundo de 1 bilhão de ienes (US$ 9 milhões) como reparação a uma fundação que ajuda as poucas mulheres sul-coreanas que ainda estão vivas. Porém, Jae-in criticou o acordo, porque o Japão se negou a assumir responsabilidade jurídica pelo caso.

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O primeiro-ministro japonês disse que queria se encontrar com o presidente da Coreia do Sul durante a visita para transmitir a posição do Japão em relação ao assunto. "Gostaria de dizer-lhe diretamente que não podemos aceitar de nenhuma maneira o pedido unilateral da Coreia do Sul de acrescentar cláusulas ao acordo", disse Abe.

A maioria dos historiadores consideram que até 200 mil mulheres, grande parte delas coreana, mas também chinesas, indonésias e de outros países asiáticos, foram levadas à força para os bordéis do Exército imperial.

Seul comunicou que, a princípio, deixaria de utilizar o dinheiro japonês destinado às mulheres e que empregaria seus próprios meios para ajudá-las. /Reuters e AFP

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