Apesar de sinal positivo do Hamas, ativistas estão pessimistas

Declaração de Meshaal admitindo indiretamente existência de Israel não anima ativistas dos dois lados, que temem que resposta não encorage um esforço pela paz

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Por Agencia Estado
Atualização:

Ativistas e políticos israelenses e palestinos elogiaram o líder exilado do Hamas, Khaled Meshaal, por admitir a existência de Israel. Mas estão pessimistas quanto às chances de um acordo, 15 anos depois do início do processo de paz, em Madri. Atenuando sua recusa de até então aceitar a existência do Estado judeu, Khaled Meshaal disse na quarta-feira à Reuters que "permanecerá um Estado chamado Israel", pois sua existência é um fato consumado. Shlombo Ben-Ami, ex-chanceler de Israel, disse que essa declaração de Meshaal foi muito importante. "Confio que o Hamas está a caminho de cumprir as exigências da comunidade internacional. O problema é que se nós não os procurarmos, a história não será feita", em entrevista à Reuters durante uma conferência em Madri. "A resposta (de Israel) deveria ser encorajadora... mas tenho minhas dúvidas de que farão isso", comentou Ben-Ami, que foi delegado na conferência de 1991, em Madri, que pela primeira vez colocou Israel e seus inimigos regionais frente a frente. Israel e governos ocidentais impuseram sanções financeiras ao governo palestino comandado pelo Hamas por sua recusa em reconhecer Israel, renunciar à violência e aceitar acordos anteriores de paz. O embargo atingiu fortemente a economia palestina. Em visita a Pequim, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, ignorou as declarações de Meshaal. Conferência de Madri Os oradores da conferência avaliam que há poucos motivos de otimismo na atual crise, caracterizada pelo unilateralismo e pelo crescente extremismo de ambas as partes. "Acreditamos que chegou a hora de abandonar a abordagem gradual, de modo que os inimigos da paz não possam descarrilar o processo como fizeram no passado", disse em Madri o ex-premiê jordaniano Abdel Salam Majali. A deputada palestina Hanan Ashrawi disse que a declaração de Meshaal ajudará numa aproximação entre o Hamas e a Fatah, facção do presidente Mahmoud Abbas, facilitando as tentativas de formar um governo de união nacional. "Acho que o Hamas está demonstrando cada vez mais pragmatismo, e quanto mais convergência houver mais fácil é compartilhar o poder", declarou Ashrawi, que era a porta-voz palestina na conferência original de Madri.

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