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Após 100 dias no mar, marinheiros americanos estão tensos e deprimidos

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de 100 dias no mar, o número de marinheiros que vem procurando tratamento psicológico a bordo deste porta-aviões está ligeiramente acima de missões regulares, disse o psicólogo do navio. O dr. Paul Schratz disse que, em um dia médio, é visitado por cerca de sete marinheiros, sendo muitas dessas visitas retornos. O que motiva as sessões podem ser questões familiares, longas horas de trabalho, tensão, depressão, problemas de insônia ou uso abusivo de substâncias, disse Schratz, que tem 49 anos e é de Annapolis, Maryland. Um terço da média de 34 casos mensais envolve o abuso de drogas e bebidas alcoólicas, que às vezes chegam ao navio pelo correio. Durante missões regulares, Schratz disse que o esperado é de 30 casos por mês. Muitos casos envolvem visitas repetidas dos marinheiros. Durante as exercícios regulares, o porta-aviões ancora aproximadamente a cada 20 dias, proporcionando aos membros da tripulação uma oportunidade de ir para terra. Porém, a tripulação do Theodore Roosevelt, que é composta de 5.500 pessoas, não pára em um porto desde que zarpou do Golfo Árabe, em 19 de setembro, cerca de uma semana depois dos ataques terroristas a Nova York e Washington. Confinamento - "É um ambiente muito diferente para muitas pessoas viveram e trabalharem", disse Schratz. "Todo mundo está circunscrito a uma distância de 300 metros de você e você não pode escapar. A privacidade é muito pouca". As missões prolongadas geralmente são mais difíceis para os membros mais jovens da tripulação, com menos experiência naval, continuou Schratz. "A maioria da tripulação é composta de jovens com 18 e 21 anos, e esta é a primeira vez que estão longe da família", disse ele. O capitão Rich O´Hanlon informou que o porta-aviões deve partir para o porto Norfolk na Virginia em fevereiro e chegar lá em 19 de março. No gigantesco hangar para aeronaves do porta-aviões - onde aviões de guerra estão estacionados com as asas e a cauda dobradas - o suboficial de 2ª classe Henry Laroche disse já estar acostumado a ver nada a não ser o mar, os mesmos locais no navio e os mesmos rostos da tripulação por longos períodos de tempo. "Depois de um certo tempo, você começa a se sentir entorpecido. Não temos assunto para conversar. Não fazemos nada novo a não ser trabalhar", acrescentou Laroche, de 34 anos, um veterano com 16 anos de Marinha, procedente do Bronx, Nova York. "Mas já sabia o que me esperava antes de vir para cá. O tempo no mar não me incomoda... e já que tudo é rotina, torna-se mais fácil".

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