17 de junho de 2012 | 03h04
A ativista opositora birmanesa Aung San Suu Kyi recebeu ontem em Oslo o Prêmio Nobel da Paz conferido a ela 21 anos atrás. Em seu discurso, afirmou que a premiação a ajudou a superar o isolamento a que ficou submetida nas quase duas décadas de prisão domiciliar e despertou a atenção mundial para a situação política de Mianmar.
Detida em sua casa por mais de 24 anos pela junta militar que governava o país, Suu Kyi, recém-eleita para o Parlamento, iniciou esta semana sua primeira viagem internacional desde o início da abertura política de Mianmar. Ela desembarcou na sexta-feira na Noruega, depois de uma escala na Suíça, e visitará nas próximas duas semanas Grã-Bretanha, Irlanda e França.
Em seu discurso de aceitação de mais de 40 minutos, Suu Kyi afirmou que o Nobel da Paz a trouxe novamente para o mundo dos outros seres humanos, fora da área isolada em que ela vivia, restaurando o seu senso de realidade. "O mais importante, o prêmio atraiu a atenção do mundo para a luta pela democracia e pelos direitos humanos em Mianmar. Não seríamos esquecidos", disse a ativista.
Ela reiterou seu "otimismo prudente" com a transição democrática e aproveitou para pedir a libertação dos prisioneiros políticos do país e lembrou dos confrontos que persistem no norte e no oeste de Mianmar. "Não quero fomentar uma confiança cega", disse.
Premiada em 1991, Suu Kyi optou por não receber o Nobel em Oslo para não ser proibida de retornar ao país e obrigada a viver no exílio. Sua decisão de viajar é vista como um sinal de confiança no governo do ex-general e presidente Thein Sein, que iniciou uma reforma política desde que chegou ao poder no ano passado, nas primeiras eleições de Mianmar em 20 anos.
Após receber Suu Kyi, o presidente do Comitê Nobel, Thorbjoern Jagland, lembrou do dissidente chinês Liu Xiaobo, laureado em 2010, que cumpre pena de 11 anos de prisão, e disse que também o espera em Oslo para receber seu prêmio. /AFP e AP
Laureada. Viagem à Europa é a 1ª da ativista após a abertura
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