Após 38 anos no cargo, Dos Santos faz o sucessor em Angola

O candidato do MPLA, João Lourenço, será o novo presidente após ter recebido mais de 64% dos votos

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LUANDA - O Movimento Popular para a Libertação da Angola (MPLA), partido que está há quatro décadas governando o país, venceu as eleições gerais de quarta-feira com mais de 64% dos votos, anunciou nesta quinta-feira a comissão nacional eleitoral. O candidato do MPLA, João Lourenço, sucederá José Eduardo dos Santos, que decidiu deixar o poder após  38 anos. 

O novo líder deverá ser capaz de administrar um país ainda afetado pelas quase três décadas de guerra civil e em crise por ter uma economia quase exclusivamente com base no petróleo.

Comissão eleitoral angolana contabiliza votos Foto: EFE/Manuel de Almeida

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Após a Nigéria, Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África com uma média diária de 1,8 milhão de barris, que representam quase 70% dos investimentos estatais e 95% das exportações do país.

A queda dos preços do petróleo em 2014 fez com que os investimentos do governo caíssem 60%, o que acabou repercutindo na já prejudicada situação dos serviços básicos a uma população que vive, em sua grande maioria, com menos de US$ 1 ao dia.

Entre 2013 e 2016, a inflação disparou de 7,7% para 41,9% ao ano. O crescimento econômico caiu de 5,1% para 1,1%, índice muito distante dos 8,8% previstos no Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017. Neste mesmo período, a dívida pública subiu 32,9% para 65,4% do Produto Interno Bruto (PIB).

Angola nem sempre dependeu do petróleo. O país tinha uma longa tradição no cultivo de café, milho e banana, mas a guerra civil que ocorreu entre 1975 e 2002 destruiu a maior parte da produção agrícola.

A crise enfrentada pelo país desde 2013 prejudicou a educação, à qual o país destina 3,4% de seu PIB, e, especialmente, a saúde, que recebeu investimentos de 2,1%.

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Segundo dados do Unicef, a taxas de mortalidade infantil e materna de Angola estão entre as mais elevadas do mundo: uma de cada cinco crianças morre antes de chegar aos 5 anos. Além disso, 640 mulheres morrem a cada 100 mil crianças que nascem no país./ AFP

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