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Após 5 dias de caos aéreo, pressão leva UE a aceitar retomada de alguns voos

Por Andrei Netto , PARIS , Jamil Chade e GENEBRA
Atualização:

 

Ministros de Transportes dos 27 países da União Europeia cederam ontem às pressões de companhias aéreas e decidiram reabrir parcialmente os aeroportos do continente. A decisão ocorre cinco dias após a suspensão dos voos por causa da erupção do vulcão Eyjafjallajokull, na Islândia.

 

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A decisão foi tomada à tarde, horas depois de a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) ter acusado os governos europeus de omissão. As críticas fizeram com que o caos aéreo da Europa deixasse de ser uma questão técnica para se tornar uma crise política, alimentada por prejuízos estimados em US$ 1 bilhão.O Serviço de Tráfego Aéreo Nacional da Grã-Bretanha, no entanto, anunciou que a atividade do vulcão islandês se intensificou ontem e uma nova grande nuvem de cinzas estava a caminho do norte da Europa. Mais cautelosos, os alemães decidiram abrir seus aeroportos só após o meio-dia.Pela decisão tomada ontem, serão criados "corredores" no espaço aéreo nos quais aeronaves poderão voar, sob controle reforçado, atravessando a nuvem de cinzas. Na prática, a decisão representa a reabertura parcial dos maiores aeroportos da UE. A prioridade será dada ao repatriamento de passageiros e a casos de emergência.Pressão. A iniciativa dos governos, encarada como um mea culpa da União Europeia em relação à precaução excessiva com a ameaça do vulcão, foi divulgada após um veemente protesto da Iata. "Já fomos longe o suficiente nessa crise para expressar nossa insatisfação sobre como os governos europeus estão lidando com o problema, sem avaliação de riscos, sem consulta, sem coordenação e sem liderança", disse, em nota, a entidade. "É incrível que os ministros de Transporte tenham precisado de cinco dias para organizar uma teleconferência."Ao Estado, Giovanni Bisignani, diretor-presidente da Iata, insistiu que a segurança é prioridade para as companhias, mas reiterou que o risco foi bastante supervalorizado. "É uma vergonha e uma confusão bem ao estilo europeu." De acordo c0m o executivo, a interrupção do tráfego em 313 aeroportos da região causou às companhias um prejuízo diário de US$ 200 milhões - ou um total de US$ 1 bilhão desde quinta. Mais de sete milhões de passageiros foram impedidos de voar em mais de 80 mil voos suspensos desde então.A pressão seguiu ao longo do dia, quando executivos das maiores empresas aéreas do continente se sucederam em entrevistas nas quais revelaram os resultados dos voos de testes realizados durante o dia. "A realidade nós mostra que os traços da nuvem não são detectáveis", argumentou Pierre-Henri Gourgeon, diretor-presidente da Air France, empresa que testou um Airbus A380, o maior avião do mundo, em contato com as cinzas.Perigo. Além da retomada dos voos, por trás da pressão das companhias aéreas estaria a intenção de obter indenizações ou linhas de empréstimos da UE.Apesar da ofensiva da Iata e do recuo dos governos europeus, o risco de panes mecânicas ou eletrônicas causadas pelas cinzas do vulcão islandês não foram desconsiderados. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) anunciou ter enviado dois caças F-16 à região coberta pelas nuvens e os efeitos se fizeram sentir sobre os motores dos aviões. "Detectamos um processo de vitrificação nos motores", afirmou um oficial da entidade. "O espaço aéreo está fechado por boas razões."CRONOLOGIA20 de março Vulcão Eyjafjallajokullentra em erupçãoCerca de 500 pessoasforam retiradas desuas casas por conta daatividade vulcânica14 de abrilSegunda erupção do Eyjafjallajokull Nova erupção derrete geleira e provocaenchente. Cerca de800 pessoas são retiradas de casa15 de abril Cinzas do vulcão provocam caos aéreoAeroportos europeusfecham para evitardanos emaviões. Empresasregistram prejuízos 19 de abril UE anuncia reabertura do espaço aéreoApós pressão das companhias aéreas,bloco decidecriar zonas detrânsito de acordocom o risco

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