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Após 5 mortes, premier conclama palestinos ao entendimento

Após mais um dia de violência nos territórios palestinos, Ismail Haniye pediu calma às facções rivais e voltou a propor uma trégua de longo prazo a Israel

Por Agencia Estado
Atualização:

Falando em rede nacional de TV nesta terça-feira, o primeiro-ministro palestino, Ismail Haniye, do Hamas, conclamou os palestinos a cessarem os conflitos e pediu para que as facções se unam na luta contra Israel. Ao menos cinco palestinos morreram em confrontos entre militantes do Hamas e do Fatah na Cidade de Gaza nesta terça-feira. "Esta nação e nosso povo ficarão unidos diante da ocupação e da agressão (de Israel) e não cairá em um conflito interno", afirmou. A apelo coincidiu com a divulgação de um comunicado pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, que pediu tanto aos seguidores do seu movimento, o Fatah, quanto aos do grupo islâmico Hamas que deixem de lado as hostilidades. "Faço um pedido a todos, sem exceção, que se comprometam a respeitar o cessar-fogo e ponham fim aos assassinatos e outras operações a fim de manter nossa união nacional", afirma o comunicado da presidência palestina. Apesar do tom conciliatório, o premier palestino aproveitou o pronunciamento em rede nacional para voltar a expor sua oposição à convocação de eleições antecipadas por Abbas. Abbas anunciou a decisão no sábado, como tentativa de sanar a crise que atinge os territórios palestinos desde que o governo do Hamas, eleito em janeiro, assumiu o gabinete. Considerado um grupo terrorista pela União Européia, Estados Unidos e Israel, o Hamas é alvo de um boicote financeiro que tem impedido o repasse de ajuda e impostos aos palestinos. "Quero deixar claro que considero a antecipação das eleições presidenciais e parlamentares inconstitucional", disse Haniye. "Se a população é a fonte do poder, por que trabalhar contra a vontade da maioria?", questionou o líder, que disse que seu partido boicotará uma eventual nova eleição. Mas, segundo Nabil Abu, porta-voz de Abbas, somente a antecipação das eleições poderá solucionar o impasse. Durante o discurso de 90 minutos, Haniye culpou Abbas pela violência e o impasse político que atingem os territórios palestinos desde o final da última semana. Mas também sinalizou com gestos conciliatórios. "Nós temos que ter moderação e apostar no diálogo para resolver nossas diferenças", disse ele. "Quero que todos se acalmem e parem com as demonstrações armadas que têm piorado as tensões." Como primeiro passo pelo fim da violência, ele pediu que seu ministro do interior realize uma reunião com os líderes das forças de segurança rivais para discutir uma saída para a situação. Trégua com Israel Haniye também voltou a propor uma trégua de longo-prazo com Israel. Ele também propôs a formação de um Estado palestino temporário paralelo ao Estado judeu. O premier afirmou que o cessar-fogo poderia se estender por 20 anos após a criação de um Estado palestino independente nos territórios ocupados por Israel na guerra de 1967. O Estado judeu, entretanto, rejeita uma volta a suas fronteiras pré-1967, e afirma que só aceitará a proposta do Hamas (já feita no passado) se o grupo reconhecer o direito de existência de Israel. Por fim, Haniye também acusou os Estados Unidos - que lideram os esforços para isolar o Hamas - de tentar derrubar seu governo. "Houve uma decisão direta para derrubar esse governo e fazê-lo entrar em colapso, e os americanos estão por trás dessa política", disse ele.

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