Após 535 dias, Bélgica chega a acordo sobre governo

Seis partidos devem ainda reler o documento para depois apresentá-lo ao Parlamento

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Por BRUXELAS
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BRUXELAS - Após 535 dias de crise política, os seis partidos belgas que participavam de negociações chegaram ontem à noite a um acordo de princípio para a formação de um governo liderado pelo socialista francófono Elio Di Rupo, de 60 anos, disse à agência France Presse uma fonte ligada às conversações."Há um acordo global sobre a reforma do Estado, a questão socioeconômica e o programa de governo", disse a fonte. Ela acrescentou que o anúncio oficial ainda não seria feito, pois faltava fazer uma releitura do documento. Os seis partidos passarão o dia de hoje repassando o conteúdo do acordo, de 185 páginas.Segundo a imprensa belga, Elio Di Rupo, filho de modestos imigrantes italianos, deixou as negociações com um sorriso, mas sem fazer comentários."O acordo será apresentado aos congressos dos partidos (socialistas, liberais e democrata-cristãos das duas grandes comunidade do país - flamengos e francófonos) no fim de semana para que seja formalmente aprovado", disse a fonte, acrescentando que "os ministérios serão divididos até o fim de semana e a apresentação do governo deve ser feita na segunda ou na terça-feira. No entanto, os partidos flamengos, cuja comunidade é majoritária na Bélgica, já disseram claramente que não verão com bons olhos a escolha de mais ministros da minoria francófona no novo gabinete belga.Em seguida, Di Rupo deverá apresentar seu gabinete e seu programa ao Parlamento, um trâmite que requer ao menos dois dias, para, então, o novo governo ser oficialmente investido, pondo fim à mais longa crise política da história do reino. A Bélgica está sem um governo desde abril de 2010. Orçamento. O principal obstáculo às negociações foi levantado no sábado com um acordo sobre o orçamento federal para os próximos três anos destinado a alcançar o equilíbrio fiscal em 2015.As negociações tinham fracassado anteriormente por divergências entre os seis partidos - de direita, de centro e de esquerda - sobre os cortes que deveriam ser feitos. Di Rupo - encarregado em julho pelo rei Alberto II de negociar com os seis partidos e formar um governo - deverá tornar-se o primeiro chefe de governo francófono da Bélgica em mais de três décadas e também o primeiro socialista no cargo desde 1974. / AFP e EFE

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