Após 6 dias de manifestações opositoras, milhares de iranianos marcham a favor do governo

Manifestantes favoráveis ao regime foram às ruas expressar seu apoio ao aiatolá Ali Khamenei, que acusou na véspera os inimigos do país de estimularem os distúrbios

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

LONDRES - Manifestações pró-governo realizadas em várias cidades do Irã atraíram milhares de participantes nesta quarta-feira, 3, após seis dias de protestos de opositores ao regime. A emissora estatal iraniana transmitiu imagens de passeatas em Kermanshah, Ilam e Gorgan nas quais os manifestantes portavam bandeiras do Irã e fotos do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.

PUBLICIDADE

+ As perspectivas para os protestos no Irã

O presidente americano, Donald Trump, afirmou nesta tarde que os EUA apoiarão o povo iraniano "quando chegar o momento". "Enorme respeito pelos iranianos num momento em que tentam recuperar o controle de seu governo corrupto", disse ele em sua conta no Twitter.

+ Análise: Revoltas econômicas se transformam em levantes políticos facilmente

A emissora estatal iraniana transmitiu imagens de passeatas em Kermanshah, Ilam e Gorgan nas quais os manifestantes portavam bandeiras do Irã e fotos do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei Foto: Tasnim News Agency/Handout via REUTERS

O maior desafio à ordem estabelecida do Irã em quase uma década continuava na noite de terça-feira. Fotos e vídeos divulgados nas redes sociais mostravam batalhões de choque atuando em várias cidades. Horas antes, Khamenei havia acusado os inimigos da nação de fomentarem os distúrbios.

Nesta quarta-feira, os manifestantes pró-governo expressaram seu apoio a Khamenei, gritando frases como “O sangue em nossas veias é um presente ao nosso líder” e “Não abandonaremos nosso líder”. Eles também pediam "morte ao EUA", "morte a Israel" e "morte a Monefagh", termo que designa a opositora Organização dos Mudjahedines do Povo do Irã.

Dimensão rara

Publicidade

Os protestos, que começaram em razão de problemas econômicos, adquiriram uma dimensão política rara, e um número crescente de jovens pede a renúncia de Khamenei. Essas são as maiores manifestações desde os tumultos que se seguiram à questionada reeleição do então presidente Mahmoud Ahmadinejad em 2009.

Ao menos 21 pessoas morreram durante os protestos iniciados na quinta-feira, incluindo dois membros das forças de segurança. Mais de 450 manifestantes foram presos na capital Teerã nos últimos dias, e centenas de outros foram detidos em todo país, segundo autoridades. Um funcionário do Judiciário disse que alguns podem enfrentar a pena de morte.

“Os arruaceiros sediciosos deveriam ser executados”, bradavam os participantes das marchas nesta quarta-feira. Os cartazes que eles levavam diziam que “mãos ocultas” hostis guiadas pelos EUA, Israel e Reino Unido deveriam ser decepadas.

Na tentativa de controlar o fluxo de informação e convocações de passeatas antigoverno, as autoridades de Teerã restringiram o acesso ao aplicativos Telegram e Instagram, de propriedade do Facebook.

Os preços altos, a suposta corrupção e a má administração estão insuflando a revolta. O presidente Hassan Rohani defendeu um acordo fechado com potências mundiais em 2015 para conter o programa nuclear iraniano em troca da suspensão da maioria das sanções internacionais, mas não conseguiu cumprir as promessas de prosperidade no país, onde o desemprego chegou a atingir 28,8% em 2017. / REUTERS e AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.