Após acidente nuclear, Japão anuncia revisão de política energética

Premiê afirmou que país dará mais ênfase a fontes renováveis e a economia de energia.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, afirmou nesta terça-feira que a política de energia nuclear do Japão será revisada "do zero", depois do vazamento de material radioativo ocorrido na usina de Fukushima, no leste do país. O acidente na usina de Fukushima foi causado pelo terremoto de magnitude 9 ocorrido em 11 de março, seguido de um tsunami. Desde o início da crise nuclear, cerca de 80 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas em um raio de 20 km da usina. Antes do ocorrido, o plano do governo era tornar a geração nuclear responsável por 50% do fornecimento de energia no país até 2030, limitando em 20% o uso das tecnologias renováveis. Atualmente, 30% da energia consumida no Japão é de origem nuclear. Agora, o premiê afirma que o Japão buscará dar ênfase às fontes renováveis, com o uso de painéis solares e energia eólica. Além disso, Kan disse que o país tentará buscar maneiras de tornar a geração nuclear de energia mais segura. O primeiro-ministro afirmou ainda que um maior foco deverá ser dado em maneiras de se conservar energia, transformando o Japão em uma "sociedade poupadora de energia". Anteriormente, Kan anunciou que vai abrir mão de seu salário como premiê até o fim da crise nuclear no país, apesar de ele continuar a receber seu salário de parlamentar. Ressarcimentos O correspondente da BBC em Tóquio Roland Buerk afirma que, segundo estimativas de analistas, mais de US$ 100 bilhões (aproximadamente R$ 161 bilhões) deverão ser gastos na recuperação da área atingida pelo vazamento de Fukushima e no ressarcimentos dos que foram retirados da região. Diversas fábricas, fazendas e criações de peixes fecharam devido à radioatividade. Alguns moradores do vilarejo de Kawauchi, um dos locais esvaziados devido à radioatividade, ganharam permissão para visitar a zona de exclusão por períodos de até duas horas. Um morador disse à BBC estar preocupado com o fato de não ter informações sobre os índices de radiação dentro de Kawauchi. "Teria sido bom se as autoridades nos tivessem dado informações, mas até agora, não deram", afirmou. Tepco A empresa Tepco, que administra Fukushima, disse que enfrenta "uma situação extremamente severa" em relação à captação de fundos e vai precisar de ajuda do governo para poder pagar imediatamente as compensações "justas". O ministro das Finanças, Yoshihiko Noda, deu a entender que o governo dará alguma forma de suporte à Tepco. "Basicamente, a Tepco é responsável pela compensação, mas o governo vai garantir que aqueles que foram afetados sejam compensados", disse Noda. Ele acrescentou que há várias formas de o governo ajudar a Tepco, mas não disse quais seriam elas. A companhia energética é a maior do Japão e atende uma área que reponde por 33% da economia local. "Eles (a Tepco) não podem ser levados a decretar falência", disse à BBC o analista Penn Bowers, da empresa CLSA, de Tóquio. "Acho que todos compreendem que não se pode permitir que eles fracassem." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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