TEERÃ - A equipe de negociação do Irã que conseguiu firmar um acordo histórico com os países do P5+1 na terça-feira sobre o polêmico programa nuclear da República Islâmica chegou nesta quarta-feira, 15, a Teerã, onde foi recebida com honras, após uma noite na qual os iranianos foram festejar o pacto nas ruas.
Segundo a agência oficial "Irna", o grupo liderado pelo ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamed Javad Zarif, retornou a Teerã depois de ter passado 18 dias consecutivos em Viena participando da maratona de negociações.
Antes da volta, os negociadores fizeram uma parada na cidade santa de Mashhad para visitar o mausoléu do imã Reza, um dos centros de peregrinação religiosa mais importantes para os xiitas.
Enquanto Zarif e seus acompanhantes voltavam a Teerã, milhares de pessoas saíram às ruas da capital iraniana para festejar o acordo.
Os iranianos esperaram até a noite, quando se encerra o jejum do mês sagrado do Ramadã, para percorrer as principais avenidas da capital e celebrar o pacto que colocou um fim em mais de 13 anos de desentendimentos entre o país e a comunidade internacional.
As ruas de Teerã ficaram completamente engarrafadas enquanto a polícia se limitava a observar periodicamente determinadas vias para evitar que as pessoas não se concentrassem em qualquer local. Moradores da cidade disseram que alguns policiais até mesmo participaram da festa.
Uma mulher na Praça de Vanak, norte da capital, disse à Reuters por telefone que as pessoas estavam comprando doces e os distribuindo. Jovens dançaram nas ruas e motoristas tocaram suas buzinas em partes de Teerã para comemorar, com a esperança de o acordo encerrar anos de sanções econômicas e décadas de isolamento internacional.
No afluente norte da capital, motoristas tocaram música alta dos sons de seus carros e jovens assopraram cornetas no estilo sul-africano das “vuvuzelas”, cenas que Teerã normalmente vê apenas quando o país se classifica para a Copa do Mundo.
Alguns jovens também se enrolaram na bandeira nacional, fizeram sinais de vitória e mostravam cartazes do presidente Hassan Rohani, além de gritarem “obrigado” a ele. Residentes disseram que as festividades públicas foram menores no sul e no leste de Teerã, regiões menos prósperas.
Para muitos iranianos, o pacto traz esperanças para que a própria situação política do país também melhore. O próprio Zarif ressaltou, logo depois de assinar o documento final, que o acordo deve ser visto como "o princípio de uma relação mais profunda do Irã com o mundo".
"Não é um teto, mas um sólido alicerce. Agora devemos construir sobre isso", escreveu o chanceler em sua conta no Twitter. / EFE e REUTERS