BRUXELAS - Líderes e autoridades mundiais desaprovaram a decisão do presidente do Egito, Hosni Mubarak, de transferir seus poderes para o vice-presidente e permanecer no poder, voltando a pedir a aceleração das reformas no país do norte da África.
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Catherine Ashton, chefe da diplomacia da União Europeia, afirmou que Mubarak ainda não "abriu caminho para reformas mais rápidas e profundas". "As demandas e expectativas do povo egípcio devem ser atendidas. Cabe a eles julgar se as atitudes do presidente Mubarak preenchem suas expectativas ou não", disse a diplomata, acrescentando que a União Europeia acompanhará a situação no Egito.
O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, evitou comentar as implicações que a permanência de Mubarak teriam para o Estado judeu, mas disse acreditar no povo egípcio para decidir seu próprio futuro. "Depende do povo encontrar o caminho e traçá-lo de acordo com a sua Constituição, suas normas e suas práticas", disse.
O Ministro de Exteriores do Reino Unido, William Hague, voltou a pedir uma transição mais rápida para um governo mais representativo no Egito e disse que as consequências do discurso de Mubarak "não estão claras". Ele novamente pediu que as autoridades egípcias "protejam os cidadãos" que fazem protestos pacíficos.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, por sua vez, disse que as mudanças no Egito são "inevitáveis". "Espero do fundo do meu coração que a democracia que está nascendo no Egito tenha estruturas e princípios que ajudarão a encontrar o caminho para um regime democrático e não para outra forma de ditadura, como aconteceu com o Irã", disse.
Os EUA, que têm o Egito como aliado entre os países árabes, ainda não se pronunciaram. O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, porém, disse que o presidente americano, Barack Obama, está reunido com sua equipe de segurança nacional para discutir a situação no país do norte da África.
A CNN citou uma fonte não identificada de Washington dizendo que o discurso de Mubarak "não foi o que disseram que ia acontecer nem o que os EUA queriam ouvir".
Mubarak está há 30 anos no poder. Houve grande expectativa nesta quinta-feira, 10, de que ele renunciaria, mas isso não ocorreu. O país entrou no 18º dia consecutivo de protestos e há temores de que, sem a renúncia, a nação mergulhe na violência.