Após ataques em Paris, 31 Estados americanos rejeitam receber refugiados sírios

Eles anunciaram recusa após a descoberta de um passaporte em um dos lugares dos atentados em Paris que estava no nome de um cidadão sírio, embora não haja certeza de que pertencesse realmente à pessoa junto à qual ele foi achado

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Por Cláudia Trevisan
Atualização:

Cresceu nesta terça-feira a reação contra o recebimento de refugiados sírios nos Estados Unidos, com 31 dos 50 governadores americanos declarando que não permitirão o reassentamento de imigrantes nos territórios que governam. O governo do presidente Barack Obama anunciou em meados do ano sua intenção de acolher 10 mil refugiados sírios ainda no atual ano fiscal, iniciado em outubro.

Com exceção de New Hampshire, todos os governadores que se colocaram contra o plano são do Partido Republicano, de oposição. Suas manifestações coincidem com as da maioria dos candidatos da legenda à presidência, que também criticaram o recebimento de refugiados sírios, principalmente após os atentados de Paris, na sexta-feira.

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Entidades de defesa dos direitos humanos censuraram ontem os representantes republicanos pela resistência em acolher os imigrantes, que fogem de uma guerra civil na qual 250 mil pessoas já morreram. “Os anúncios dos governadores são um tentativa de espalhar o pânico para impedir que os sírios se unam aos grupos religiosos e às comunidades que se dispuseram a recebê-los”, afirmou Alison Parker, da entidade Human Rights Watch.

Desde 2012, os EUA receberam 2,1 mil refugiados sírios. Segundo dados da administração federal, metade era formada por crianças e um quarto por adultos com mais de 60 anos. Apenas 2% eram representados por homens jovens – perfil da maioria dos combatentes do Estado Islâmico.

A resistência aos imigrantes cresceu depois da notícia de que um dos participantes dos atentados de Paris tinha passaporte sírio e entrou na Europa com um grupo de refugiados. O documento, acreditam autoridades europeias, era falso.

“As pessoas que estão fugindo da Síria são as mais prejudicadas pelo terrorismo”, disse Obama na Turquia na segunda-feira. Segundo o presidente, fechar as portas para sua entrada seria uma traição dos valores americanos. “Eles são pais, eles são crianças, eles são órfãos.”

Em conferência telefônica com jornalistas nesta terça-feira, autoridades federais tentaram demonstrar que o processo de checagem de antecedentes dos refugiados é rigoroso o bastante para evitar ameaças à segurança doméstica. Segundo um participantes, o prazo para admissão nos Estados Unidos varia de 18 a 24 meses e envolve a verificação de uma série de dados e a realização de entrevistas.

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