Após atos contra jornal, Hollande defende liberdade de expressão na França

Capa do novo número do jornal de humor causou manifestações que se tornaram violentas na Argélia, Níger e Paquistão

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Por Redação
Atualização:
François Hollande, presidente francês, faz discurso na cidade de Tulle, seu reduto eleitoral Foto: NICOLAS TUCAT / AFP

PARIS - O presidente francês, François Hollande, disse neste sábado, 17, que os manifestantes contrários ao Charlie Hebdo em outros países não entendem o apego da França à liberdade de expressão.

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Suas declarações foram dadas após a publicação pelo jornal de humor de uma charge do profeta Maomé ter causado violentos confrontos, incluindo mortes, em alguns países muçulmanos.

A demanda disparou pela primeira edição do Charlie Hebdo desde que dois militantes armados invadiram seu escritório e mataram 12 pessoas no início de três dias de violência que chocaram a França.

Distribuidores do jornal semanal disseram que sua tiragem foi elevada para sete milhões de cópias, superando a sua circulação normal de apenas 60 mil.

A charge de Maomé em sua primeira página indignou muitos no mundo muçulmano, desencadeando manifestações que se tornaram violentas na Argélia, Níger e Paquistão na sexta-feira.

"Temos apoiado estes países na luta contra o terrorismo", disse Hollande durante uma visita à cidade de Tulle, tradicionalmente seu reduto político."Ainda quero expressar minha solidariedade (para eles), mas, ao mesmo tempo, a França tem princípios e valores, em particular a liberdade de expressão."

Os tiroteios em Paris foram motivados pela publicação anterior de charges de Maomé pelo Charlie Hebdo, uma representação que muitos muçulmanos consideram uma blasfêmia.

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A polícia disparou gás lacrimogêneo em Níger, neste sábado, em centenas de manifestantes que atiravam pedras em um segundo dia de confrontos sobre a publicação da imagem do Charlie Hebdo. Um policial e três civis foram mortos na sexta-feira no Zinder, segunda maior cidade da ex-colônia francesa, enquanto igrejas foram queimadas e lares cristãos saqueados.

Os protestos também se tornaram violentos na sexta-feira na cidade do sul do Paquistão de Karachi, onde a polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água contra os manifestantes do lado de fora do consulado francês.

"Há tensões no exterior, onde as pessoas não entendem o nosso apego à liberdade de expressão", disse Hollande. "Nós vimos os protestos e eu diria que, na França, todas as crenças são respeitadas."

Produzida por sobreviventes do ataque ao jornal, a última edição do Charlie Hebdo esgotou em minutos quando chegou às bancas na quarta-feira. Ela mostra uma caricatura de Maomé corando e segurando um cartaz com a inscrição: "Je suis Charlie" (Eu sou Charlie). No alto, a frase: "Tudo está perdoado". / REUTERS

 

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