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Após conceder perdão a Fujimori, presidente peruano deve reformular ministério

Premiê Mercedes Araóz afirmou que Pedro Pablo Kuczynski pediu que ela permaneça à frente do gabinete e busque maneiras de fortalecê-lo

Atualização:

LIMA - O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, deve reformular o gabinete de ministros nos próximos dias, depois de causar revolta ao conceder perdão ao ex-líder autoritário Alberto Fujimori, anunciou a primeira-ministra do país na quarta-feira 27.

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A premiê, Mercedes Araóz, disse que Kuczynski, ex-investidor de Wall Street de 79 anos, pediu que ela permaneça à frente do gabinete e busque maneiras de fortalecê-lo. “O presidente me pediu para realizar uma análise abrangente, e veremos o que acontece nos próximos dias”, afirmou ela em uma entrevista coletiva, em sua primeira aparição pública desde o anúncio do perdão, na véspera de Natal.

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O presidente peruano,Pedro Pablo Kuczynski,foi salvo em uma votação graças a parlamentares fiéis a Alberto Fujimori Foto: REUTERS/Guadalupe Pardo

Nas últimas duas semanas a situação política do país, um grande exportador de metais, se tornou volátil subitamente depois que o Congresso - dominado pela oposição de direita - tentou destituir Kuczynski, de centro-direita, em reação a um escândalo de corrupção.

O presidente foi salvo em uma votação graças a parlamentares fiéis a Fujimori. Dois dias depois, ele perdoou o ex-presidente adoecido, provocando protestos violentos e renúncias de políticos. Opositores alegam que o indulto foi um pagamento pela manutenção de Kuczynski no cargo.

Não ficou claro quais ministros estarão vulneráveis em uma eventual reformulação, mas esta pode levar a uma guinada do governo para a direita, já que os ex-apoiadores de esquerda de Kuczynski o acusaram de ser um “traidor” por perdoar Fujimori. Não se planeja substituir a ministra das Finanças, Claudia Cooper, relatou uma fonte do governo.

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Fujimori se encontra estável em um hospital de Lima, para onde foi levado às pressas da prisão no sábado para tratar um problema grave de pressão e problemas cardíacos, de acordo com seu médico.

Mercedes Araóz disse respeitar a decisão de Kuczynski de perdoar Fujimori, e enfatizou que ele estava estudando a medida muito antes da votação do Congresso para tentar depô-lo. “Nem eu, nem qualquer membro do meu gabinete, nem o partido governista Peruanos pela Mudança participou de qualquer negociação para trocar um perdão humanitário (por votos)”, afirmou a premiê.

Fujimori cumpriu 12 anos de uma pena de 25 anos por corrupção e crimes contra os direitos humanos durante seu governo de direita entre 1990 e 2000. O indulto de Kuczynski o livrou das acusações e o blinda de qualquer julgamento referente a processos judiciais pendentes.

Fujimori é rejeitado por muitos que o veem como um ditador corrupto, mas é admirado por outros que lhe dão crédito por ter encerrado uma crise econômica e aniquilado o grupo de esquerda Sendero Luminoso. / AFP

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