Após conseguir pacto, democrata luta por apoio em casa

Governo fará campanha para explicar acordo aos americanos, enquanto afaga aliados céticos no Oriente Médio

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Por WASHINGTON
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O primeiro telefonema de Obama, segundo a imprensa norte-americada, foi para o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, que se opõe fortemente ao pacto. Foto: AP

Com a dura negociação sobre o programa nuclear do Irã perto de uma conclusão vitoriosa, o governo Barack Obama precisa agora vender o acordo fechado esta semana em casa, para adversários no Congresso, e a céticos aliados no Oriente Médio, especialmente Israel.

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Segundo a imprensa americana, o presidente começou o processo ainda na quinta-feira, logo após o anúncio do acordo prévio, que deve ser totalmente selado em junho. Seu primeiro telefonema foi para o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, que se opõe fortemente ao pacto. Ontem, Netanyahu pediu que qualquer eventual acordo inclua o reconhecimento à existência de Israel por parte do Irã.

Obama também telefonou ao o rei saudita, Salman bin Abdelaziz. Apesar de ser um rival regional do Irã, a Arábia Saudita elogiou o acordo. Obama também conversou com líderes do Golfo Pérsico e os convidou para um encontro nos próximos meses na residência de verão da presidência, Camp David.

Ele também iniciou uma série de telefonemas para líderes do Congresso e prometeu que seu governo trabalhará com eles no que chamou de um "papel de supervisão construtiva". Ontem, a Casa Branca informou que o presidente conversará com os quatro líderes do Congresso sobre a negociação. Mas, apesar da mensagem conciliatória, Obama deixou claro que não permitirá que o Congresso boicote o pacto.

Segundo o jornal The Washington Post, fontes do governo têm reiterado que o Congresso não tem oficialmente papel para aprovar ou não um acordo final e o governo tem tentado desencorajar qualquer iniciativa nesse sentido. No ano passado, legisladores ameaçaram votar um projeto de lei para impor novas sanções contra o Irã.

O medo, segundo as fontes, é o de que um voto contrário ao acordo no Congresso sirva de munição para os "linhas-duras" no Irã argumentarem que os EUA talvez não tenham condições de honrar sua parte na barganha. Com o que foi acertado, Teerã aceitará congelar seu programa nuclear em troca do levantamento das sanções que sacrificam sua economia.

Segundo uma pesquisa do Pew Research Center, 49% dos americanos afirmam que apoiam as negociações. Mas 63% disseram desconfiar da seriedade dos iranianos em cumprir o pacto. No que pode representar um problema para Obama, 62% afirmam que preferiam que o Congresso desse a palavra final sobre o pacto.

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De acordo com a revista eletrônica especializada Político, o governo se prepara para uma ampla campanha pública para defender o acordo prévio, argumentando que a saída seria essa ou uma guerra. Uma fonte do governo reconheceu que a tarefa será complicada, já que há aspectos difíceis de serem explicados ao "povo americano".

A estratégia, segundo o Político, começaria com explanações mais aprofundadas a especialistas influentes e repórteres sobre o progresso das conversações. Além disso, o governo deve buscar construir uma base de apoio entre os congressistas democratas, com reuniões regulares na Casa Branca.

/ WASHINGTON POST, NYT e EFE

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