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Após derrota, Merkel fala em aperto fiscal na Alemanha

Medida impopular ganha novo impulso após crise na Grécia e perda da[br]maioria da Câmara Alta nas eleições de domingo

Por BERLIM
Atualização:

Depois de reconhecer a "amarga derrota" sofrida no domingo, quando perdeu a maioria no Bundesrat (Câmara Alta) e o governo da região mais populosa da Alemanha, a Renânia do Norte-Westafalia, a chefe de governo Angela Merkel cancelou ontem o plano de reduzir os impostos e anunciou que os alemães terão de apertar os cintos para conter a dívida da maior economia da Europa."O resultado eleitoral significa, primeiro, que as reduções de impostos não são aplicáveis no futuro imediato. Nossa prioridade será controlar o orçamento", disse ela, estipulando um prazo de pelo menos dois anos para que qualquer novo debate sobre redução da carga tributária volte a ocorrer no ParlamentoO discurso foi dirigido principalmente aos aliados do Partido Liberal, que nos últimos sete meses exigiram insistentemente a redução dos impostos como condição para continuar participando da coalizão governista liderada por Merkel.O líder liberal e ministro de Relações Exteriores, Guido Westerwelle, disse aos jornalistas, em Berlim, que captou o "toque de alerta" dado pela chanceler e comprometeu-se a trabalhar por "um melhor clima na coalizão". Westerwelle foi apontado nas pesquisas de opinião como um dos políticos do bloco governista que despertam maior rejeição entre os eleitores alemães.Grécia. A perda da maioria na Câmara Alta, além de assuntos domésticos, pode colocar em riscoo socorro prometido à Grécia - estimado em 22,4 bilhões somente em recursos alemães, que fazem parte de um pacote maior de 750 bilhões ao longo de três anos.A aprovação do pacote de ajuda em caráter de urgência, dias antes da eleição, e o volume de recursos oferecidos pela Alemanha foram apontados como dois fatores fundamentais para o fracasso do governo de Merkel nas urnas. "As pessoas não ficaram contentes com o fato de a Alemanha transformar-se na tesoureira-geral da Europa", disse Gerd Langguth, cientista político da Universidade de Bonn e biógrafo de Merkel.Há cinco anos, uma derrota semelhante na Renânia do Norte-Westfalia fez o então chanceler Gerhard Schroeder convocar eleições antecipadas, nas quais foi derrotado por Merkel. / REUTERS, AP e AFPPARA ENTENDERSegundo os finais, a União Democrata-Cristã, de Angela Merkel, obteve 34,6% dos votos na Renânia do Norte-Westfalia. Seus aliados, os democratas livres, conseguiram apenas 6,7%. O resultado não permite que ambos os partidos formem sozinhos um governo de coalizão. Mas seus principais adversários, os social-democratas, obtiveram 34,5% dos votos e caminham para formar uma aliança com os verdes (12,1%) e o Die Linke (5,6%), da chamada esquerda radical. O resultado aponta a perda da maioria governista na Câmara Alta do Parlamento alemão.

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