PUBLICIDADE

Após derrota no Parlamento, premier italiano renuncia

Romano Prodi ofereceu cargo ao presidente, que decidirá o futuro do governo nesta quinta-feira; expectativa é que premier sobreviva à crise, mas forme nova coalizão

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, renunciou ao posto nesta quarta-feira, 21, após sofrer uma derrota importante em uma votação sobre a política externa do governo no Senado. O pedido foi entregue ao presidente italiano, Giorgio Napolitano, que irá conversar com partidos e líderes parlamentares sobre o futuro político do país a partir desta quinta-feira, 22, informou um porta-voz da presidência. Assessores de Prodi que acompanharam os acontecimentos não descartaram, entretanto, a possibilidade de que Napolitano peça que o premier tente formar um novo governo. A dificuldade agora será encontrar uma liderança capaz de unificar as diferentes forças políticas do Parlamento em um nova coalizão de governo. Prodi tomou a decisão após sofrer uma derrota embaraçosa na votação de uma declaração de apoio à política externa italiana. Dividido quanto posição que deve ser sustentada pelo país em relação à guerra no Afeganistão e à ligação militar com os Estados Unidos, o governo recebeu apenas 158 votos, dois a menos do que a maioria necessária para aprovar a moção. Os resultados foram seguidos de um coro da oposição pedindo a queda do governo. Constitucionalmente, a derrota não exige que Prodi deixe o posto, mas o ministro das Relações Exteriores, Massimo D´Alema, havia dito antes da votação que o governo de centro-esquerda deveria renunciar caso não tivesse maioria parlamentar em questões de política externa. Prodi chegou ao palácio presidencial para uma consulta com Napolitano imediatamente após informar seus ministros sobre suas intenções em uma reunião do gabinete. Antes do encontro, alguns dos aliados de Prodi disseram que não estava claro se haveria acordo entre as divergentes forças que formam o governo para manter o premier no comando do gabinete. O líder conservador e ex-premier italiano Silvio Berlusconi estava entre os opositores que pediram pela renúncia de Prodi depois que a coalizão de centro-esquerda falhou em conseguir a maioria necessária para aprovar a moção de política externa. "A política externa é a imagem que a Itália tem no mundo, e dela depende a vida de nossos soldados comprometidos com missões de paz em todo o planeta", disse Berlusconi, que insistiu que Prodi tem a "obrigação" de renunciar. O atual premier derrotou o antigo líder nas eleições italianas do ano passado. Governo fraco Após a votação, o líder no Senado do partido de Berlusconi e maior força da oposição, o Forza Italia, exibia um exemplar de quarta-feira do jornal La Stampa, que trazia a declaração de D´Alema advertindo os pacifistas do governo que são contra a presença militar italiana no Afeganistão. A Itália mantém 1.900 soldados no país, numa missão liderada pela Otan. "Tenho em minhas mãos um dos jornais mais importantes do país, com uma declaração do ministro D´Alema: ´Renúncia se não tivermos maioria"´, disse Schifani, para o delírio dos aliados. "Não há mais maioria... Não há mais governo Prodi. O governo Prodi caiu nesta Casa." A derrota foi o pior revés até agora do governo de Prodi, que tem apenas nove meses e está profundamente dividido em vários aspectos, desde a presença militar no Afeganistão até o projeto de união civil para homossexuais e casais não-casados. Perspectivas Uma fonte política da coalizão disse que a expectativa é que Prodi sobreviva à crise, mas que D´Alema, que também é vice-premier, deixe o cargo. "É certo que o ministro das Relações Exteriores vai cair", disse a fonte, que acredita que Prodi vai convocar um voto de confiança para tentar forçar sua coalizão a se unificar. Prodi disse que conversaria com o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, sobre a derrota. D´Alema também deve falar com Napolitano, que é o árbitro supremo da política italiana.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.