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Após derrubada de monumento, Rússia ameaça Estônia

Obra representava os soldados soviéticos mortos na Segunda Guerra Mundial

Por Agencia Estado
Atualização:

A Rússia condenou duramente nesta sexta-feira, 27, a derrubada de um monumento aos soldados soviéticos mortos na Segunda Guerra Mundial no centro de Tallinn e ameaçou com represálias à Estônia. A medida da Estônia provocou também ira na população local que fala russo, cerca de 300.000 pessoas no país de 1,3 milhão de habitantes. Os estonianos tendem a considerar a estátua como uma lembrança dos 50 anos de ocupação soviética. O Ministério de Relações Exteriores russo, por meio de seu porta-voz, Mikhail Kaminin, classificou de "sacrilégio" e "desumana" a derrubada do monumento na capital estoniana, ocorrida em meio a manifestações de protesto que deixaram uma pessoa morta. As ações das autoridades estonianas "não podem deixar de serem condenadas e criticadas duramente", disse Kaminin, citado pela agência oficial Itar-Tass. "O Monumento ao Combatente Libertador foi desmontado às vésperas de um feriado: o Dia da Vitória (sobre a Alemanha nazista). E este fato só pode ser classificado como sacrílego e desumano", acrescentou. O diplomata denunciou que as ações das autoridades estonianas "favorecem claramente as manifestações neonazistas". "A parte russa estuda uma reação prática em relação à Estônia por causa do desmantelamento do Monumento ao Combatente Libertador", advertiu Kaminin. O Conselho da Federação ou câmara alta do Parlamento russo aprovou por unanimidade um pedido ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, para romper relações diplomáticas com a Estônia. O presidente do comitê de Relações Internacionais do Conselho da Federação, Mikhail Marguelov, afirmou que "a demolição dos monumentos da Segunda Guerra Mundial não é assunto interno da Estônia, pois diz respeito a todos os que derrotaram o fascismo". "Devemos reagir com calma e dar passos sérios que mostrem nossa atitude em relação a esta ação desumana", disse em Oslo o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, citado pela agência Interfax. O vice-primeiro-ministro russo, Serguei Ivanov, afirmou que Moscou reagirá com medidas econômicas às ações das autoridades estonianas. "A Rússia deve construir portos modernos no Mar Báltico (...) e com isso, assumir o transporte de nossas próprias cargas, sem ceder a outros Estados, entre eles a Estônia, a possibilidade de enriquecer às custas do tráfego", disse Ivanov em entrevista publicada nesta sexta pelo jornal Komsomolskaya Pravda. O vice-primeiro-ministro, considerado um dos possíveis sucessores de Putin no Kremlin, disse que a resposta de Moscou incluirá ainda "outras medidas", às quais ele não se referiu. Pelo menos mil pessoas se manifestaram na noite de quinta-feira contra a derrubada do monumento no centro de Tallinn, gerando violentos distúrbios, nos quais 44 pessoas ficaram feridas. Uma delas morreu em um hospital, segundo fontes policiais estonianas citadas pela agência russa Interfax, que acrescentou que o governo da Estônia decidiu desmontar urgentemente o monumento devido às desordens na capital. A maioria da população estoniana (67,9%) apóia a derrubada do monumento, já que consideram que o Exército Soviético foi uma força de ocupação. A maioria da população de origem eslava, que representa 31,2% do total na Estônia, se manifestou a favor de manter o monumento. O monumento da discórdia, conhecido também como o Soldado de Bronze, se encontrava na ladeira de Tinismiagui, no centro da cidade, onde foram enterrados pelo menos 13 soldados soviéticos mortos em território estoniano em combates com as tropas nazistas em setembro de 1944. O ministro da Defesa estoniano, Jaak Aakviksoo, anunciou nesta sexta-feira, 27, que o começo das escavações no lugar onde se acredita estar a vala comum foi adiado, sem especificar quando serão retomados os trabalhos. "Mas o processo deve ser rápido", disse Aakviksoo, citado pela Interfax.

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