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Após enchente, crescimento do Paquistão pode ser de 0% a 2%

Chuvas destruíram plantações; setor agrícola é o principal do país asiático

Atualização:

KARACHI - As piores inundações no Paquistão em várias décadas podem fazer com que o crescimento econômico do país no ano fiscal 2010/11 fique apenas entre 0% e 2%, disseram autoridades na segunda-feira, 23, aumentando os temores em relação à estabilidade do país.

 

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O Banco Asiático de Desenvolvimento, que avalia os danos e necessidades do Paquistão junto com o Banco Mundial, havia dito na semana passada que o crescimento poderia ser de 3%. O Ministério das Finanças já informara que o Paquistão não teria como cumprir sua meta de crescer 4,5% no ano. Uma nova estimativa não foi divulgada. Sakib Sherani, assessor do Ministério das Finanças, disse que várias estimativas de crescimento terão de ser revistas quando for possível avaliar plenamente o impacto das enchentes. "Achamos que zero por cento é o limite mínimo dessas estimativas", afirmou Sherani à Reuters, acrescentando que se trata de um cálculo pessoal, e não de uma estimativa oficial do ministério. No ano passado, o Paquistão cresceu 4,1%. Sherani disse que a previsão de crescimento zero se baseia nos prejuízos à agropecuária. Ele afirmou que 25% da safra de algodão - crucial para a indústria têxtil, responsável por mais de metade das exportações - foi afetada. As dificuldades econômicas são motivo de preocupação para o governo do Paquistão e para os EUA, que temem a instabilidade de um aliado envolvido diretamente no combate à insurgência do Taliean e Al-Qaeda. Membros do governo paquistanês já manifestaram a preocupação de que militantes islâmicos tentem se aproveitar do drama das enchentes para recrutar ativistas. Entidades beneficentes islâmicas, algumas suspeitas de ligação com grupos militantes, têm sido mais eficazes que o governo na distribuição de ajuda às vítimas. O Fundo Monetário Internacional deve rever o orçamento e as perspectivas macroeconômicas do Paquistão a partir de segunda-feira, em reuniões com funcionários do país em Washington. O Paquistão atualmente faz parte de um programa de US$ 10,66 bilhões do FMI, definido em 2008. O Fundo pode aliviar a situação das contas públicas paquistanesas se concordar em atenuar as metas do programa ou prorrogar o período de pagamento do empréstimo. A reconstrução deve custar bilhões de dólares, sobrecarregando uma economia que já era frágil antes das inundações que destruíram aldeias e estradas do noroeste ao sul do país, deixando mais de 4 milhões de desabrigados. Sherani disse que a inflação pode chegar a 25% - bem acima dos 9,5% que eram a meta para 2010/11.

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