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Após enfarte, Pinochet permanece internado em estado grave

Médico-chefe do hospital em que o ex-ditador está internado informou que cirurgia realizada nesta manhã restabeleceu o fluxo sanguíneo e descartou nova operação

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-ditador chileno Augusto Pinochet, que sofreu um ataque cardíaco na madrugada deste domingo e está internado no Hospital Militar de Santiago, no Chile, não será submetido a uma nova cirurgia, informaram nesta noite fontes oficiais do hospital. Ainda assim, o estado de saúde do ex-governante permanece grave, disseram os médicos. O porta-voz da família Pinochet, Guillermo Garín, afirmou que Pinochet já recebeu a unção dos enfermos - sacramento reservado a quem está perto de morrer. O médico-chefe Juan Ignacio Vergara precisou que a angioplastia realizada na manhã deste domingo restabeleceu o fluxo sanguíneo de Pinochet, "o que permite, por agora, descartar absolutamente uma nova operação". Vergara acrescentou que Pinochet "está consciente, e se comunica conosco e com sua família". Pinochet foi submetido, nesta tarde, a uma intervenção para que os médicos soubessem como evoluía a angioplastia. Temia-se que fosse necessário realizar uma cirurgia com o coração aberto, o que seria um risco para Pinochet, devido a seu delicado estado de saúde e a seus antecedentes. A mídia internacional noticiou na tarde deste domingo que os médicos realizariam, a partir das 15 horas, o procedimento conhecido como ´bypass coronário´: introduziriam no coração um vaso sanguíneo que seria uma espécie de ponte e deveria solucionar a obstrução de uma artéria coronária do ex-ditador. Não foi necessário realizar a operação. Ao redor do hospital, durante o dia, se encontravam mais de 300 admiradores do ex-ditador, a maioria mulheres que, com cartazes e fotografias de Pinochet, gritavam seu nome e choravam. "Ele é como um pai para mim, e nós todas devemos muito a ele", disse uma das apoiadoras, Julieta Aguilar, que segurava um pequeno busto do "ídolo", feito de bronze. Sua mulher, Lucía Hiriart, e seus cinco filhos, Augusto, Jacqueline, Verónica, Lucía e Marco Antonio, além de alguns netos, antigos colaboradores e pessoas próximas, o acompanharam ao hospital. Saúde do ex-ditador vem piorando "(o caso) É muito grave, com certeza. Ele tem 91 anos e, a essa idade, até uma dor de estômago é grave", comentou o general reformado Luis Cortés Villa, diretor da Fundação Augusto Pinochet. Cortés Villa criticou "a perseguição de que foi objeto um homem que fez tanto pelo Chile. Imagine, dois dias depois de seu aniversário, ordenaram sua prisão", acrescentou, em alusão à resolução tomada em 27 de novembro pelo juiz Víctor Montiglio. Pinochet foi acometido nos últimos anos por diversos problemas de saúde, derivados de diabetes, problemas vasculares e outras doenças crônicas de que sofre. Microinfartos cerebrais e complicações vasculares, entre outras enfermidades, obrigaram o ex-ditador a visitar várias vezes o hospital em 2005, ainda que em 2006 não tenha tido problemas desse tipo. Prisão domiciliar Pinochet completou 91 anos em 25 de novembro e que dois dias depois teve sua prisão domiciliar decretada pelo juiz Víctor Montiglio dentro de um processo sobre violação dos direitos humanos. O magistrado acusou Pinochet e ordenou sua detenção pelo seqüestro e homicídio de Wagner Salinas e Francisco Lara, dois dissidentes detidos e executados no fim de setembro de 1973 por membros da "Caravana da Morte", um grupo militar que, na época, executou 75 presos políticos em sua passagem por várias cidades do Chile. Salinas e Lara eram guarda-costas de Salvador Allende, o ex-presidente chileno que foi vítima do golpe militar de 1973 que levou Pinochet ao poder. No seu 91.º aniversário, Pinochet divulgou uma carta pública, lida por sua esposa, em que assumia a "responsabilidade política" de seus atos, mas na qual reiterava que tudo o que fez foi "por amor à pátria". "Hoje, perto do fim dos meus dias, quero manifestar que não guardo rancor de ninguém, que amo minha pátria acima de tudo e que assumo a responsabilidade política de todos os meus atos", afirmou Pinochet na carta. Pinochet enfrenta ainda dois processos - um por abuso de direitos humanos e outro por desrespeitar pagamento de impostos de renda. Matéria ampliada às 21h30

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