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Após ignorar ultimato, Israel volta a ameaçar Síria

Primeiro-ministro israelense voltou a dizer que não negociará com os seqüestradores do soldado israelense Gilad Shalit

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de ignorar um ultimato dado pelos grupos que seqüestraram um soldado israelense para libertar prisioneiros palestinos, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, voltou a ameaçar a Síria, afirmando que atacará "aqueles que apóiam" os militantes na Faixa de Gaza. Desde que o cabo Gilad Shalit foi capturado em um ataque contra um posto de fronteira israelense, no último dia 25, Israel deixou claro que considera a Síria e o líder do Hamas que vive no país, Khaled Mashaal, responsáveis pela vida do soldado. Na semana passada, aviões israelenses sobrevoaram a residência de verão do presidente sírio, Bashar Assad. Militares israelenses disseram ainda que Mashaal é um alvo potencial de assassinato. Os comentários de Olmert são um sinal claro de que os esforços diplomáticos entre os países da região continuam distantes de assegurar a libertação de Shalit. Em resposta a posição israelense, os militantes palestinos que mantém Shalit cativo disseram que não darão mais informações sobre as condições do soldado. Uma das condições para que os israelenses recebessem tais informações seria a libertação de todas as mulheres e menores palestinos presos em Israel até às 6 horas (horário local) desta terça-feira. Ainda assim, os militantes deram sinais de que não irão matar Shalit, que estaria machucado. Mais cedo, o primeiro-ministro palestino, Ismail Haniye, pediu que os captores do soldado o protegessem, e expressou a esperança de ver a crise resolvida pacificamente. "Desde o primeiro minuto deste incidente, o governo palestino pediu - e continua pedindo - para que a vida do soldado israelense seja mantida", disse Haniye em uma reunião do gabinete palestino liderado pelo Hamas. "É necessário continuarmos os com esforços políticos e diplomáticos, além de não fecharmos as portas e mantermos a linguagem da sabedoria e da lógica para por um fim nisso." Israel, por sua vez, continua negando qualquer negociação com os palestinos. Em uma conferência no sul de Israel, Olmert repetiu que não negociará com os captores. "Nós não iremos negociar com esses terroristas e não permitiremos que o seqüestro se transforme em um meio para dobrar Israel", disse. Tropas avançam Desde a semana passada, o país matem operações militares em Gaza e uma campanha de ataques aéreos para pressionar o Hamas a libertar Shalit. Tanto fontes da defesa israelense quanto das forças de segurança palestinas afirmaram que as operações militares em território palestinos continuaram a se estender lentamente. Os relatos coincidem com uma decisão de Olmert e do ministro da Defesa israelense, Amir Peretz, que autorizaram na manhã desta terça-feira a ampliação da ofensiva no norte de Gaza. O Exército disse que tropas avançaram cerca de 700 metros em território palestino nas primeiras horas da manhã. Segundo fontes de segurança palestinas, cerca d3 15 tanques adentraram o território. Ultimato Após o término do última dado pelos grupos palestinos, um porta-voz da organização "Exército do Islã" - uma das responsáveis pelo seqüestro - informou que os captores "decidiram congelar todos os contatos e fechar os arquivos deste soldado". "Nós não daremos nenhuma informação que signifique boas notícias ou dê esperanças à ocupação", completou. Os militantes costumam se referir ao estado israelense como forças de ocupação. Ele adicionou, no entanto, "que não mataremos os soldado, se ele ainda estiver vivo". Ao anunciarem o ultimato na segunda-feira, os militantes deixaram implícito que matariam Shalit caso suas demandas não fossem atendidas. O ministro israelense Roni Bar-On, por sua vez, ameaçou os palestinos com ações mais duras caso o soldado seja machucado. "Caso ele seja morto, nós reagiremos de uma maneira que os palestinos nunca viram antes", completou. Apesar da retórica dura, funcionários do governo israelense disseram privadamente que outras possibilidades para libertar o soldado estão sendo analisadas. Israel já soltou prisioneiros palestinos em outras ocasiões em troca de cidadãos israelenses seqüestrados e corpos de soldados mortos em combate.

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