Após inundações, população de cidade ao sul da Colômbia procura parentes em meio a lama

Dois dias depois da catástrofe provocada pela cheia de três rios, diversos moradores de Mocoa que escaparam da tragédia se aglomeram em hospitais e cemitérios em busca de notícias

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Por Redação
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BOGOTÁ - Os moradores de Mocoa, sul da Colômbia, procuram desesperadamente por seus parentes, incluindo alguns bebês, mas é cada vez mais difícil encontrar pessoas vivas sob a lama após o deslizamento de terra que deixou ao menos 260 mortos.

Dois dias depois da catástrofe provocada pela cheia de três rios na capital do Departamento (Estado) de Putumayo, muitos que conseguiram escapar da lama se aglomeravam no hospital de Mocoa ou à frente do cemitério em busca de notícias.

Dois dias depois da catástrofe provocada pela cheia de três rios na capital do Departamento (Estado) de Putumayo, muitas pessoas que conseguiram escapar da lama se aglomeram no hospital de Mocoa e em frente ao cemitério em busca de notícias Foto: REUTERS/Jaime Saldarriaga

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"Continua o trabalho de buscas para encontrar sobreviventes. Ainda estamos dentro da janela de 72 horas posteriores a um desastre desse tipo", disse um porta-voz da Cruz Vermelha Colombiana (CRC) no domingo 2.

Entre as pessoas que perderam parentes, algumas lutam por suas vidas. "Estava morrendo por falta de ar. O que eu fiz? Enfiei o dedo na boca, vomitei barro, continuei com dedo na boca, vomitei mais barro. Espirrava lama, tudo era barro, até que consegui voltar a respirar", contou Carlos Acosta em um abrigo onde se recupera dos ferimentos.

Mas a dor não é apenas física. Na sexta-feira 31, um homem de 25 anos dormia com o filho Camilo de três anos ao seu lado. Ele acordou ao perceber que a água inundava sua casa. "Peguei meu bebê no colo, mas a água nos arrastou e bati nas pedras.” Ele ficou inconsciente e quando acordou não havia sinais da criança. Carlos conseguiu se agarrar a um pedaço de madeira e salvar sua vida. Mas a lama arrastou seu filho.

Feridos. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, afirmou no domingo que a avalanche deixou mais de 200 desaparecidos e 400 feridos, muitos com gravidade, que estão sendo atendidos em hospitais de Mocoa e outras cidades.

"Sei que expresso o desejo de todos os colombianos por sua plena recuperação", disse Santos, que supervisionou no fim de semana os trabalhos de resgate e as obras para restituir os serviços básicos na região.

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Santos explicou que a avalanche destruiu o aqueduto local, que deve demorar um ano para ser completamente reconstruído. Também disse que o serviço de energia elétrica foi "gravemente afetado", não apenas na capital, mas em metade do Departamento de Putumayo.

Em Mocoa, 45 mil pessoas foram afetadas, de acordo com a Cruz Vermelha. A energia elétrica foi parcialmente restabelecida no domingo 2, com linhas auxiliares, mas dezenas de pessoas foram para as ruas com o objetivo de recarregar os telefones celulares em geradores provisórios.

O deslizamento, que despertou a solidariedade mundial, supera o último grande desastre natural da Colômbia, uma tragédia similar na cidade de Salgar, que deixou 92 mortos em maio de 2015. / AFP

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