PUBLICIDADE

Após mortes em Xinjiang, líder comunista recomenda mudanças

Por JAMES POMFRET
Atualização:

Um dirigente chinês fez nesta quinta-feira uma rara admissão de que o país precisa modificar suas políticas para as minorias étnicas, diante dos violentos confrontos deste mês na província de Xinjiang. Essa região do oeste do país, onde vive a etnia islâmica uigur, tem registrado sua maior onda de violência étnica das últimas décadas. Em 5 de julho, uigures atacaram membros da etnia han, majoritária na China, em represália contra agressões que resultaram na morte de dois operários uigures em junho numa fábrica do sul da China. Dias depois, os hans buscaram vingança contra os uigures em Urumqi, a capital regional. O número oficial de mortos dos distúrbios está em 197, a maioria dos quais eram chineses da etnia han. Wang Yang, influente dirigente do Partido Comunista na província de Guandong, muito ligado ao presidente Hu Jintao, disse que é hora de repensar as políticas étnicas, embora não tenha apontado erros específicos nem sugerido soluções. A disparidade econômica entre os uigures e os hans, o controle do governo sobre a religião e a cultura e o constante afluxo de migrantes han, que já são majoritários nas grandes cidades, alimentam a possibilidade de um conflito grave em Xinjiang, algo que o governo tenta a todo custo evitar. "As políticas em si definitivamente precisarão de ajustes", disse Wang a jornalistas estrangeiros em Cantão, capital de Guangdong. "Temos de ajustar a atual situação. A China é uma sociedade multiétnica... Se ajustes não forem feitos prontamente, haverá alguns problemas." Em geral, as autoridades evitam falar sobre as políticas étnicas e negam a existência de problemas. Mas analistas dizem que é quase certo que a cúpula do Partido Comunista esteja discutindo a questão de Xinjiang e os erros nas políticas para as minorias. Há pouco mais de um ano, distúrbios semelhantes no Tibete já haviam provocado constrangimento para o regime, poucas semanas antes da Olimpíada de Pequim. Mas Wang minimizou a dimensão étnica dos confrontos entre uigures e hans na sua própria província. "Este caso é um conflito entre trabalhadores que deveria ser tratado de acordo com os procedimentos judiciais", afirmou. A Secretaria de Segurança Pública de Urumqi divulgou uma lista de nomes e fotos de 15 uigures procurados por seu envolvimento nos distúrbios, segundo a agência estatal Xinhua. As autoridades ofereceram recompensas a quem os denunciar, e leniência para os suspeitos que se entregarem dentro de dez dias. Nos últimos dias, 253 pessoas foram detidas depois de serem denunciadas por moradores de diversos grupos étnicos, segundo o jornal China Daily. Os uigures são um povo relacionado linguística e culturalmente com os turcos e com as etnias da Ásia Central. Xinjiang, região rica em gás e petróleo, faz fronteiras com Rússia, Mongólia, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Afeganistão, Paquistão e Índia.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.