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Após novo ataque a alvos públicos, ato contra Obrador exige mais segurança

Presidente mexicano conta com aprovação de 60%, mas sofre pressão popular em meio a alta na criminalidade; confronto entre polícia e traficantes no norte do país termina com 21 mortos e violenta ação contra prédios governamentais e viaturas

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Por Redação
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CIDADE DO MÉXICO - O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, convocou apoiadores para celebrar neste domingo, 1º, um ano de governo. A iniciativa foi ofuscada pela resposta de opositores, que protestaram na Cidade do México tendo como principal reclamação a alta na criminalidade. O último episódio da crescente onda de violência foi um confronto entre policiais e traficantes que deixou 21 mortos no norte do país no fim de semana.

Cerca de 10 mil pessoas protestaram no México contra o governo de López Obrador e o aumento da violência Foto: Sáshenka Gutiérrez/EFE

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O presidente mexicano, de 66 anos, entra no segundo de seus seis anos de governo com popularidade elevada, de cerca de 60%, mas com aprovação em queda nos últimos dois meses. Seu principal problema é o recrudescimento da violência ligada ao narcotráfico, maior preocupação dos mexicanos. A taxa de homicídios subiu 2% nos primeiros 10 meses de presidência. Foram cerca de 30 mil mortes no ano.

No confronto ocorrido entre sábado e este domingo, policiais enfrentaram traficantes ligados ao Cartel do Nordeste na cidade de Villa Unión, de 5 mil habitantes, a uma hora dos Estados Unidos. O poder de fogo dos criminosos chamou a atenção. Prédios públicos e veículos policiais foram alvo de armas de grosso calibre. Pelo menos quatro agentes foram mortos.

Em outro ponto da Cidade do México, muitos apoiadores de Andrés Manuel López Obrador participaram da celebração do primeiro ano de governo do esquerdista Foto: Edgard Garrido/Reuters

Segundo Miguel Riquelme Solis, governador de Coahuila, Estado onde fica Villa Unión, o confronto começou ao meio-dia de sábado, quando um grupo armado entrou na cidade em um comboio de caminhonetes blindadas. De acordo com a versão oficial, eles atacaram edifícios do governo municipal, o que fez as forças estaduais reagirem.

Durante o ato de comemoração, López Obrador citou o ataque no dia 4 de novembro a mórmons de origem americana estabelecidos no norte do México como um dos momentos mais difíceis no poder. Nove pessoas foram executadas, entre eles mulheres e crianças, no Estado de Sonora.

Parentes daquelas vítimas estavam entre os 10 mil manifestantes que marcharam pelo turístico Paseo de la Reforma, na Cidade do México, contra o aumento da violência. “Precisamos mudar tudo, mudar a estratégia antidroga. Nenhum presidente pode resolver o problema da violência sozinho”, disse Julián LeBarón, líder da comunidade mórmon. Neste domingo, a Procuradoria-Geral do México afirmou ter prendido vários indivíduos ligados ao crime.

O episódio motivou o presidente americano, Donald Trump, a divulgar um plano para designar os cartéis mexicanos como grupos terroristas. O projeto de Trump colocou pressão extra sobre o presidente mexicano, por levantar dúvida sobre possíveis ações americanas em terreno mexicano. 

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Outro momento em que ficou evidente a dificuldade dos agentes mexicanos para manter domínio sobre parte de seu território foi a operação frustrada para capturar, em 17 de outubro, Ovidio Guzmán, filho de Joaquín “El Chapo” Guzmán, líder do Cartel de Sinaloa, condenado à prisão perpétua nos EUA. O governo foi obrigado a soltá-lo por ter menos poder de fogo que os criminosos. Um policial que deteve Ovidio foi executado com 155 tiros dias depois.

Economia

Analistas apontam o estancamento da economia mexicana, que entrou em recessão técnica ao registrar um retrocesso de 0,2% no primeiro e segundo trimestres e crescimento nulo no terceiro, como outro desafio de López Obrador. O Banco do México voltou a reduzir, na semana passada, a expectativa de crescimento do PIB. “Ainda não houve o crescimento econômico que desejamos, mas existe uma distribuição melhor da riqueza”, afirmou o presidente em seu discurso ontem.

Especialistas estimam que algumas ações do governo geraram nervosismo entre os investidores, principalmente o cancelamento do projeto milionário de um novo aeroporto na Cidade do México. A demora na aprovação do novo acordo comercial da América do Norte, o T-MEC, por EUA e Canadá, também minou a confiança dos investidores. / AFP, EFE e AP

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