Desde a fuga de Cesare Battisti, em 1981, há um clima de incerteza entre muitos italianos que vivem na França. Em 2014, o ex-militante Enrico Porsia admitiu que cerca de 40 famílias estariam no país e atacou o que chamou de “cinismo político” dos governos franceses, dizendo que seria “lamentável” que Paris mudasse de posição e entregasse os italianos. “Isso colocaria em cheque a palavra do Estado”, afirmou. Muitos foragidos já se beneficiaram da prescrição de seus crimes. Mas a Itália promete pressionar por uma colaboração maior do presidente francês, Emmanuel Macron.
Mas não é apenas com a França que os italianos terão de negociar. Na Nicarágua estaria Alessio Casimirri, ex-membro das Brigadas Vermelhas e condenado pelo sequestro de Aldo Moro. Ele fez parte do comando que matou cinco guarda-costas e sequestrou o premiê, cujo corpo foi encontrado em 1978 em um porta-malas. Casimirri foi sentenciado à revelia a seis prisões perpétuas.
Casimirri passou a ser cidadão da Nicarágua em 1983, sob o governo sandinista, e abriu um restaurante em Manágua. Com a chegada ao poder de Daniel Ortega, o governo italiano perdeu as esperanças de recuperar o condenado. Nesta semana, o ex-presidente da comissão parlamentar que investigou o caso Moro, Giuseppe Fioroni, escreveu ao premiê Giuseppe Conte para o solicitar que o empenho realizado para recuperar Battisti seja agora usado no caso de Casimirri.
Na Nicarágua também estiveram outros ex-integrantes de grupos de extrema esquerda. Um deles era Achille Lollo, que acabou preso no Brasil. Em 1993, o Supremo Tribunal Federal rejeitou o pedido de extradição apresentado pela Itália. Sua pena, porém, já prescreveu. Para a Suíça fugiu Alvaro Lojacono, ex-integrante das Brigadas Vermelhas. Por ter adquirido cidadania suíça, ele também não foi extraditado.