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Após protestos, Paquistão reduz restrições a juiz

Musharraf desculpou-se pela reação da polícia às manifestações. Acusado de "abuso de autoridade", presidente do Supremo é considerado "independente"

Por Agencia Estado
Atualização:

Autoridades paquistanesas reduziram neste sábado, 17, as restrições impostas contra o presidente da Suprema Corte do país, Iftikar Chaudhry, acusado pelo governo de abuso de autoridade. Considerada sem fundamentos pela oposição, a alegação motivou a realização de protestos violentos na sexta-feira. A sede de uma rede de TV que transmitia as manifestações ao vivo chegou a ser depredada por policiais. Diante da repercussão e das críticas ao governo paquistanês desencadeadas pelo episódio, o presidente do país, Pervez Musharraf, pediu pessoalmente "desculpas" pela violência policial. Ao menos quinze policiais foram suspensos por envolvimento no episódio. A polícia invadiu na sexta-feira as instalações da GEO TV e do jornal Daily Jang, no mesmo edifício, e destruiu parte das instalações. Vários jornalistas foram agredidos e ameaçados. Neste sábado, as manifestações contra a suspensão de Chaudhry continuaram. Os protestos em Islamabad foram convocados em apoio a Chaudhry, suspenso de seu cargo no dia 9 por ordem de Musharraf. O presidente alegou ter recebido várias denúncias de conduta inadequada, abuso de autoridade e outras ações incompatíveis com o cargo, todas negadas pelo juiz. Para ex-juízes, advogados e membros da oposição que participavam do protesto na sexta-feira, a medida foi uma manobra de Musharraf para enfraquecer o independente juiz em um momento em que o país se prepara para eleições presidenciais e parlamentares. Apesar da repressão policial, a pressão dos ativistas começa a dar os primeiros resultados. Neste sábado, a polícia removeu as barricadas em uma rua que dava acesso à casa de Chaudhry. O juiz encontra-se sob prisão domiciliar há uma semana. Segundo uma fonte que não quis se identificar, o magistrado está livre para deixar sua residência. Os advogados de Chaudhry não puderam ser contatados para confirmar a informação. Desculpas Após as denúncias dos diretores da GEO TV, Musharraf falou ao vivo na noite de sexta-feira ao canal e pediu "desculpas". "Foi muito triste. Não deveria ter acontecido e não aprovo", disse o presidente paquistanês, acrescentando que "serão tomadas medidas" para punir os responsáveis pela ação. "Acredito na liberdade de expressão", acrescentou Musharraf, cujo governo proibiu a GEO TV de transmitir as manifestações. O ataque de sexta contra a televisão aconteceu quase ao mesmo tempo que em a polícia reprimia violentamente os manifestantes, com detenções maciças. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York, pediu a criação de uma comissão independente para investigar o caso. O órgão denunciou o uso de gás lacrimogêneo na invasão. A GEO TV transmitiu parte do ataque ao vivo.

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