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Após quatro anos de ataque, Charlie Hebdo faz edição especial contra 'obscurantistas'

Revista satírica francesa afirma que desde o atentado de 2015 os “fenômenos de reação retrógrada” ainda estão presentes na sociedade

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Por Redação
Atualização:

A revista francesa Charlie Hebdo lançou no sábado 5 uma edição especial em homenagem aos quatro anos do ataque terrorista à sede da publicação, deixando 12 mortos em 7 de janeiro de 2015. 

Com a chamada "O retorno dos obscurantistas", a capa apresenta a ilustração de um bispo e de um ímã apagando a chama de uma vela. O desenho traz também sobre uma mesa a edição histórica pós-atentado, de 14 de janeiro de 2015, cuja manchete foi "Tudo está perdoado".

Edição especial da revista francesa Charlie Hebdo, publicada em5 de janeiro de 2019, quatro anos após o atentado terrorista que deixou 12 mortos, diz na capa "O retorno dos obscurantistas", em que um bispo e um ímã apagam a chama de uma vela Foto: Charlie Hebdo/Reprodução

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"Não são somente as nossas histórias pessoais (que são esquecidas), mas também o que significou o que aconteceu. Temos a impressão de que damos respaldo a isso, mas em nossa opinião esses fenômenos de reações retrógradas seguem presentes, ainda mais depois de quatro anos", disse à AFP o diretor de redação da revista e autor do desenho de capa, Riss.

Há quatro anos, dois radicais islâmicos invadiram a sede da Charlie Hebdo, em Paris, e mataram a tiros de AK-47 os jornalistas e chargistas presentes, incluindo o ex-diretor de redação, Charb.  Conheça as vítimas do atentado.

Perto da antiga sede da revista satírica Charlie Hebdo, mural feito pelo artista Christian Ghemypresta homenagem às vítimas do ataque terrorista, ocorrido em 7 de janeiro de 2015 Foto: Gonzalo Fuentes/REUTERS

Nesta segunda-feira, 7, o ministro do Interior da França, Christophe Castaner, foi à sede da revista com outros integrantes do governo e prestou homenagem às vítimas, escrevendo em rede social que se tratou de "um atentado à liberdade de expressão". Pessoas deixaram flores em frente ao prédio da revista.

A Charlie Hebdo publica capas com ilustrações de tom satírico crítico a religiões, incluindo o Islã. Na comunidade muçulmana, no entanto, a representação gráfica do líder Maomé é considerada uma ofensa pelos religiosos e a publicação já havia sido alvo de ataques por satirizar o Islã.

No editorial da edição especial desta semana, o cartunista Riss afirma que "há quatro anos a situação com o totalitarismo islâmico se degradou". "Tudo agora é blasfêmia", escreveu.

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Em página dupla, um desenho mostra os "obscurantistas" comemorando o aniversário do atentado: o Papa Francisco, a líder de extrema direita da França, Marine Le Pen, e o presidente Donald Trump, dentre outros.

"O último a sair apaga as luzes, ainda que não veja nada", escreveu o jornalista Philippe Lançon, premiado em 2018 pelo livro que faz a reconstrução do atentado. "Os irmãos K. (Kouchi, autores do atentado e mortos pela polícia francesa) tentaram apagar as luzes, com e sem maiúscula, ao entrar e sair. Quase conseguiram, mas esqueceram algumas lâmpadas", continua.

A revista Charlie Hebdo traz na capa da edição de 14 de janeiro de 2015, uma semana depois do atentado terrorista à sede da publicação, traz charge de Maomé chorando, com a chamada "Tudo está perdoado" Foto: Ian Langsdon / Efe

Em dezembro de 2018, um homem suspeito de envolvimento com o ataque foi preso. A investigação judicial do caso está encerrada e o julgamento é previsto para 2020. / COM INFORMAÇÕES DA AFP

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