Após queda de Mubarak, egípcios votam reformas constitucionais

Referendo abre caminho para eleições livres, mas críticos consideram texto pouco ambicioso.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Eleitores fazem fila para votar no Cairo. Foto: Asmaa Waguih/Reuters

 

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Eleitores egípcios estão indo às urnas neste sábado para votar em um referendo sobre reforma constitucional, o passo mais importante da nova direção do país desde a queda do ex-presidente Hosni Mubarak, em fevereiro.

 

Veja também:especialInfográfico: A lenta agonia de Hosni Mubarakblog Cronologia: O dia a dia da crise egípciavideo TV Estadão:  Alegria nas ruas do CairoblogArquivo: A Era Mubarak nas páginas do Estadolista Perfil: 30 anos de um ditador no poderSe for aprovado pela população, o referendo abrirá caminho para novas eleições parlamentares e presidenciais no país dentro de seis meses.  Longas filas estão sendo registradas nos postos de votação porque grande parte do eleitorado considera este o primeiro processo eleitoral livre de sua vida. "Estou muito animada", disse à BBC Nermeen Badayr, 53. "Ontem à noite preparei minha roupa de votar como uma criança indo para a escola pela primeira vez."  Ela contou que é a primeira vez que se deu ao trabalho de sair de casa para exercer seu direito.  "Antes eu nem ligava para quem estava ganhando ou perdendo, porque era tudo acertado de antemão." Propostas Os dois principais blocos políticos egípcios, o Partido Democrático Nacional e a Irmandade Islâmica, manifestaram apoio às propostas em votação.  Entre elas, está a redução do mandato presidencial de seis para quatro anos, com apenas uma reeleição. O presidente seria obrigado a escolher seu vice dentro de 30 dias após eleito.  A proposta mudaria ainda os critérios para candidatos a presidente, que teriam de ter mais de 40 anos e não ser casados com pessoas de nacionalidade estrangeira. Para analistas, eleições o quanto antes beneficiariam os dois principais movimentos políticos egípcios, já que os pequenos partidos surgidos após o levante popular não teriam tempo de se organizar para a campanha. Hosni Mubarak, que liderou o Egito por três décadas, deixou o poder em fevereiro após 18 dias de protestos populares. Críticas Apesar das mudanças, grupos de campanha por reformas democráticas acreditam que as propostas do referendo não vão longe o suficiente. Eles pedem que a Constituição do país seja totalmente reescrita antes de qualquer eleição. Para o prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, que emergiu como líder da oposição durante os protestos de fevereiro, as mudanças constitucionais propostas só se preocupam com "detalhes". "(O projeto) não trata do poder imperial do presidente, não fala das distorções no Poder Legislativo, da necessidade de uma assembleia constituinte independente que represente a todos", disse ElBaradei à agência AFP.  "Por isso vamos dizer não. A maioria das pessoas que gerou a revolução vai dizer não." Os autores do texto das mudanças preferiram deixar de fora uma modificação radical nos poderes presidenciais por acreditar que essa tarefa deve caber ao próximo Parlamento.  Na sexta-feira, grupos contrários ao referendo voltaram a ocupar a praça Tahrir, no Cairo, para protestar contra o que consideram um texto pouco ambicioso.

 

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