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Após resolução da ONU, Bagdá espera mais problemas

Por Agencia Estado
Atualização:

A aceitação, por parte do Iraque, da resolução da ONU que exige o desarmamento do país não aliviou as tensões com os Estados Unidos. Na verdade, os dois lados estão caminhando para uma posição de confronto. O presidente George W. Bush, sublinhando sua impaciência com o presidente Saddam Hussein, disse que não irá tolerar trapaças, negativas nem distorção da verdade pelo Iraque, no momento em que o país enfrenta uma série de prazos impostos pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Bush telefonou hoje para o primeiro-ministro espanhol, Jose Maria Aznar, e os dois líderes manifestaram "plena solidariedade na exigência de que o regime iraquiano se desarme", informou o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan. "Nunca tentei prever o que (Saddam) pode fazer, mas uma coisa que creio ser melhor que ele não faça é brincadeira", aconselhou. Os inspetores deverão começar seu trabalho - possivelmente - em 23 de dezembro e retornar com informações para o Conselho de Segurança da ONU até 21 de fevereiro. Se eles forem obstruídos em sua missão, como aconteceu com seus antecessores, ou descobrirem quaisquer armas de destruição em massa não declaradas por Saddam, então o Iraque estará em "violação material" de suas obrigações. O país estará sujeito a "severas conseqüências", na forma de uma força de invasão liderada pelos Estados Unidos, que já se mobilizam na região. Funcionários do governo Bush sugeriram que o Iraque pode estar desrespeitando o espírito da resolução, por ter declarado na quarta-feira, ao aceitar as inspeções, que não possui armas de destruição em massa. "Vou simplesmente dizer que eles têm armas de destruição em massa e o objetivo da resolução da ONU, naturalmente, é que eles permitam a entrada dos inspetores e permitam que os inspetores tirem algumas conclusões", disse o secretário da Defesa Donald H. Rumsfeld. A resolução exige que Saddam declare até 8 de dezembro os programas de armas de destruição em massa que supostamente desenvolve e as armas que eventualmente possui. Se o líder iraquiano continuar negando a existência das armas, disseram autoridades dos EUA, ele estará fazendo um convite à guerra. Em Bagdá, iraquianos previram que os problemas com os EUA apenas começam. O jornal Babel, do filho de Saddam, Odai, pediu aos tradicionais aliados do Iraque no Conselho de Segurança - Rússia, França e China - para ficarem vigilantes em relação às verdadeiras intenções de Washington. "Depois da posição positiva do Iraque, os membros do Conselho de Segurança, particularmente Rússia, França e China, devem estar conscientes de que nosso problema e a crise com os Estados Unidos não acabaram ainda, e podem ter apenas começado", escreveu o jornal, num editorial de primeira página. Segundo o diário, a aceitação por parte do Iraque da "resolução injusta" mostra suas "boas intenções e reafirma que o país está limpo de armas de destruição em massa".

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