Após resolução, resposta à Coreía do Norte segue causando divergências

O japão e a Austrália, ambos fortes críticos da Coréia do Norte, se preparam para aprovar penalidades ainda mais duras contra o regime comunista

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Por Agencia Estado
Atualização:

Em um claro sinal de que não será fácil impor medidas punitivas contra a Coréia do Norte, a resposta global ao programa de armamentos nucleares norte-coreano começou a ser esboçada neste domingo em meio a divisões sobre como aplicar as sanções aprovadas pela ONU no sábado. O japão e a Austrália, ambos fortes críticos da Coréia do Norte, se preparam para aprovar penalidades ainda mais duras contra o regime comunista, enquanto a China - maior aliado de Pyongyang - recusou-se em adotar algumas das medidas. A Coréia do Sul, por sua vez, não confirmou os detalhes de seus planos sobre o assunto. A Coréia do Norte rejeitou a resolução, que impõe sanções à nação pelo anúncio de um teste com uma bomba atômica na última segunda-feira. O país considera as sanções como uma declaração de guerra. As respostas divergentes trazem à tona o que muitos analistas previam como uma difícil estrada até a aplicação total das sanções adotadas pelo Conselho de Segurança da ONU no sábado. As medidas visam penalizar a Coréia do Norte pela realização do teste nuclear. A decisão unânime do conselho descartou a hipótese de uma ação militar contra o regime comunista, mas pede que todos os países inspecionem os navios de carga que entram e saem da Coréia do Norte para impedir o tráfico de armas de destruição em massa e de mísseis balísticos. As medidas incluem ainda a proibição da importação ou exportação de materiais que possam ser usados para a fabricação desses armamentos. O Japão - um dos países mais ameaçados pela escalada armamentista no leste asiático - liderou a aplicação das medidas, não só se movendo para colocar em prática as sanções adotadas pelo conselho, como considerando punições unilaterais ainda mais duras. "Nós já as estamos considerando, e quaremos tomar uma decisão final", disse o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe. O ministro do Exterior japonês, Taro Aso, acrescentou que o Japão deve permitir que forças americanas inspecionem as cargas que saem e entram na Coréia do Norte, relatou a agência de notícias Kyodo. A Austrália, por sua vez, caracterizou as sanções como "surpreendentemente duras" e também já analisa a adoção de medidas unilaterais, informou o chanceler australiano, Alexander Downer. Aliada chave dos Estados Unidos ao lado do Japão na região da Ásia/Pacífico, a Austrália já havia apoiado firmemente uma resposta internacional à Coréia do Norte, considerando o teste nuclear uma ameaça à estabilidade regional. China A China, no entanto, disse que não conduzirá inspeções, e seu enviado na ONU pediu precaução. "A China exorta com veemência os países envolvidos a adotar uma atitude prudente e responsável nessa questão e que se atenham a tomar qualquer atitude provocativa que poderia intensificar as tensões", disse o embaixador da China na ONU, Wang Guanya. No domingo, havia uma aparente tranqüilidade ao longo da fronteira chinesa com o Norte, e não havia inspeções aparentes. Um funcionário que se identificou apenas como Wang, disse não ter recebido nenhuma instrução nova para inspeções em Nanping, cidade de fronteira, e acrescentou que as coisas "têm estado normais nos últimos dias". Coréia do Sul O país adotou recentemente uma abordagem conciliatória com o Norte, o que inclui vasta ajuda financeira e humanitária. A Coréia do Sul afirma que irá honrar a resolução, mas não especificou quais são os planos para as inspeções. O ministro da Unificação da Coréia do Sul, que lida com as relações inter-corenanas, emitiu uma declaração pedindo que "os passos necessários" sejam tomados para implementar a resolução da ONU. Ainda no domingo, o enviado nuclear russo Alexander Alexeyev chegou na Coréia do Sul para reuniões sobre a questão nuclear. Alexeyev visitou a Coréia do Norte na semana passada, e foi o primeiro alto funcionário estrangeiro a viajar ao país desde o teste nuclear realizado pelo Norte em 9 de outubro. Alexeyev se recusou a dizer aos repórteres se ele tinha alguma mensagem do Norte. Quando questionado se a Coréia do Norte iria retornar às conversas internacionais sobre armas, que o país tem boicotado desde novembro, Alexeyev respondeu: "eu espero que sim". O secretário-geral do ONU, atualmente ministro do Exterior da Coréia do Sul, ficou feliz com a resolução. Ban Ki-moon disse que a resolução manda uma mensagem "muito clara, forte e unificada", de que o teste realizado por Pyongyang é inaceitável. Mas Ban alertou sobre a importância de a Coréia do Norte se engajar no diálogo e não ser simplesmente punida através de sanções.

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