WASHINGTON - O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, rejeitou a proposta de referendo para decidir o adiantamento das eleições presidenciais, previstas para 2020. A declaração foi dita durante entrevista à emissora americana CNN, transmitida nessa segunda-feira, 30, horas após o anúncio de novas sanções americanas.
"Não faz sentido eleições antecipadas", disse, sugerindo que a oposição não aceitaria um resultado no qual ele saísse vitorioso. A proposta foi considerada para dar fim aos confrontos entre forças do governo e manifestantes contrários a Ortega.
Os conflitos já deixaram mais de 300 mortos desde abril - incluindo a estudante de medicina brasileira Raynéia Gabrielle Lima.
Ortega lida com a crescente condenação internacional devido ao uso de força policial contra manifestantes. Em sua última ação para pressionar o presidente, os Estados Unidos revogaram os vistos de diversos oficiais do governo nicaraguense.
Em nota, a Casa Branca afirmou que "condena a violência na Nicarágua e o abuso de direitos humanos cometidos pelo regime de Ortega em resposta aos protestos". O governo americano também retomou veículos doados à polícia nicaraguense e cortou doações de equipamentos que podem ser utilizados por forças policiais contra manifestantes.
A Casa Branca também afirmou que as medidas "são o começo, e não o fim, de potenciais sanções" contra o governo da Nicarágua.
Apesar das pressões e de rejeitar as propostas de novas eleições ou de renúncia, Ortega insiste que está aberto ao diálogo.
"Nós vamos ver como criar as condições para fortalecer as comissões de diálogo e isso nos ajudará a chegar a bons resultados", disse Ortega. "Nós estamos em contato com o Secretário Geral das Nações Unidas e com diferentes organizações internacionais, além do cardeal (Leopoldo) Brenes."
Os protestos contra Daniel Ortega começaram em abril após o presidente anunciar uma reforma previdenciária. As manifestações rapidamente mudaram e agora focam na renúncia do presidente, no poder desde 2007. //REUTERS