Após sanções, Caracas avalia fornecimento de petróleo a clientes nos EUA

Punida por supostos negócios com o Irã, Venezuela diz que medida americana é ação 'hostil'.

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Por Claudia Jardim
Atualização:

Após o anúncio de que os Estados Unidos sancionarão a estatal petroleira venezuelana PDVSA por manter negócios com o Irã, o governo da Venezuela colocou em dúvida parte do abastecimento de petróleo destinado a empresas norte-americanas. O governo venezuelano disse que avaliará o impacto das sanções na produção petrolífera do país. De acordo com o ministro venezuelano de Energia e Petróleo, Rafael Ramirez, a PDVSA garantirá o abastecimento de petróleo às filiais da PDVSA nos Estados Unidos, mas diz que avaliará o fornecimento às empresas Citgo e Hovensa, clientes norte-americanos da petroleira venezuelana. "Garantimos o abastecimento a nossas filiais. Porém, avaliaremos o abastecimento a outros clientes", afirmou Ramirez, em entrevista coletiva conjunta com o chanceler Nicolás Maduro. Os Estados Unidos são o principal comprador do petróleo venezuelano. De acordo com a PDVSA, são enviados diariamente 1,2 milhão de barris às petroleiras norte-americanas. O governo do presidente Hugo Chávez repudiou as sanções anunciadas nesta terça-feira pelos EUA, qualificando a medida de ação "hostil". Caracas afirma que a medida está "à margem do direito internacional" e dos "princípios previstos na carta das nações Unidas", afirmou o chanceler Maduro. Negócios com o Irã Os EUA argumentam que a PDVSA mantém negócios com o setor energético do Irã, o que violaria proibições impostas por Washington. De acordo com o subsecretário de Estado dos EUA, James Steinberg, as sanções impedirão o acesso da PDVSA a contratos com o governo americano e a financiamentos para importações e exportações. Ramirez rebateu as acusações, ao afirmar que a venda do petróleo venezuelano é uma "decisão soberana" e que seu governo não aceitará que Washington imponha sanções que tentem dirigir as políticas do país. "Hoje é o Irã, amanhã pode ser outro país. Não vamos cair nesse jogo de discutir com eles (EUA) e ver quais são as razões e porque nos sancionaram", afirmou. Além da PDVSA, também foram punidas outras seis empresas de Emirados Árabes, Israel e Mônaco. 'Mensagem' O subsecretário de Estado americano disse que as sanções buscam limitar o abastecimento de combustível para o Irã e, ao mesmo tempo, "enviar uma mensagem" para as demais empresas sobre os "riscos" de manter negócios com o governo iraniano. "Aqueles que irresponsavelmente continuarem apoiando o setor energético do Irã ou facilitarem os esforços iranianos para evadir as sanções dos Estados Unidos enfrentarão consequências significativas", afirmou Steinberg, em entrevista coletiva, em Washington. O subsecretário disse que as empresas punidas estiveram envolvidas com a venda de derivados de petróleo ao Irã. As sanções não se estendem aos países de origem dessas empresas. A lei americana com a qual Washington orienta suas sanções proíbe que governos, empresas e pessoas invistam no setor energético iraniano ou exportem ao país petróleo refinado, incluindo gasolina e derivados. De acordo com os Estados Unidos, essas medidas visam impedir o "desenvolvimento do programa nuclear" do Irã. O presidente venezuelano, por sua vez, ironizou as sanções de Washington em seu perfil no Twitter. "Sanções contra a pátria de (Símon) Bolívar? Impostas pelo governo imperialista gringo? Pois bem-vindo, Mr. Obama! Não esqueça que somos filhos de Bolívar", escreveu Chávez. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.