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Após segunda morte, EUA farão exames médicos em todas as crianças imigrantes sob sua custódia

Na terça-feira, um menino de oito anos da Guatemala morreu em circunstâncias semelhantes às de Jakelin Caal, morta no começo do mês

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O Departamento de Alfândega e Proteção a Fronteiras dos Estados Unidos (CBP, na sigla em inglês) anunciou que realizará exames médicos em todas as crianças que estão sob sua custódia. A decisão foi tomada após a morte de um imigrante da Guatemala de oito anos nesta terça-feira, 25, a segunda de um menor de idade em circunstâncias semelhantes.

Família carrega caixão deJakelin Caal, guatemalteca que morreu no hospital de El Paso de causas ainda não reveladas depois de ter sido detida com o pai, após os dois cruzarem a fronteira americana com o México Foto: Johan Ordonez / AFP

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A criança, identificada pelo deputado americano Joaquin Castro como Felipe Alonzo Gomez, havia sido enviado a um centro médico do Novo México na segunda-feira, depois de apresentar sinais de que estaria doente, disse o CBP em um comunicado.

Os funcionários do hospital diagnosticaram o menino com um resfriado comum. Recebeu alta à tarde, após os médicos receitarem ibuprofeno e amoxicilina. Mais tarde, o quadro se agravou e Felipe, que estava detido junto a seu pai, começou a apresentar náuseas e vômitos e foi novamente encaminhado ao hospital, onde acabou morrendo na terça pouco depois da meia-noite

O CBP informou que ainda não havia sido estabelecida a causa da morte, mas garantiu que faria “uma revisão independente e completa das circunstâncias”.

Segundo informaçõesda Guatemala, Felipe Alonzo Gomez e seu pai foram detidos no dia 18 de dezembro após terem cruzado a fronteira do México com os EUA pela cidade de El Paso; cinco dias depois, foram trasladados à estação de Alamogordo (foto), no Novo México Foto: Paul Ratje / AFP

Mais tarde, o comissário Kevin K. McAleenan anunciou que a agência estava “realizando exames médicos secundários a todas as crianças sob o cuidado e custódia do CBP” e “revisando suas políticas com atenção especial ao cuidado e custódia de crianças menores de 10 anos”.

Ele afirmou ainda que o Departamento está considerando buscar apoio médico de outras agências, entre elas a Guarda Costeira e o Departamento de Defesa dos EUA. “O CBP também está coordenando com o Centro para o Controle de Doenças o número de crianças sob custódia”, destacou.

Investigação

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Segundo informações do Ministério das Relações Exteriores da Guatemala, o menino e seu pai foram detidos no dia 18 de dezembro após terem cruzado a fronteira do México com os EUA pela cidade de El Paso, no Estado do Texas. Cinco dias depois, foram trasladados à estação de Alamogordo, no Estado vizinho. O governo guatemalteco pediu uma investigação "clara e resguardando o devido processo".

Segundo o jornal "The Washington Post", Jakelin Caal teria morrido por "desidratação e choque" Foto: Johan Ordonez / AFP

No dia 8 de dezembro, a guatemalteca Jakelin Caal morreu no hospital de El Paso de causas ainda não reveladas depois de ter sido detida com o pai, após os dois cruzarem a fronteira americana com o México na noite de 6 de dezembro. Segundo o jornal The Washington Post, que citou o CBP, a menina teria morrido por "desidratação e choque".

O caso de Jakelin causou grande indignação nos EUA e uma delegação de congressistas que visitou as instalações onde ela esteve detida denunciaram "falhas sistêmicas" no processo e condições de higiene deploráveis. Após a morte da menina, o Departamento de Segurança Nacional (DHS) anunciou uma investigação, cujos resultados serão apresentados ao Congresso e divulgados ao público.

Em busca de respostas

"Estou com o coração partido de saber da morte de uma segunda criança na detenção", escreveu no Twitter a representante de Nova York na Câmara dos Deputados, Nydia Velazquez. "Devemos exigir responsabilidades, encontrar respostas e pôr fim à odiosa e perigosa política contra os migrantes desta administração", acrescentou ela, em alusão às políticas do governo Trump.

Claudia Maquin, mãe deJakelin Caal, se emociona do funeral da filha; delegação de congressistas que visitou as instalações onde a menina esteve detida denunciaram "falhas sistêmicas" no processo e condições de higiene deploráveis Foto: Carlos Barria / Reuters

A União Americana de Liberdades Civis (ACLU) qualificou os fatos de uma "tragédia assustadora". "O CBP deve prestar contas e parar de deter crianças. O novo Congresso deve ter como uma de suas prioridades realizar uma investigação sobre o Departamento de Segurança Nacional”, disse a ONG.

O presidente Donald Trump impulsiona uma política de tolerância zero contra a imigração, no âmbito da qual 2,3 mil migrantes menores de idade foram separados de seus pais entre 5 de maio e 9 de junho, o que causou indignação no país e no mundo. / AFP

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