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Após vitória, Correa terá posição confortável em Constituinte

Boca-de-urna sobre plebiscito no Equador dá vitória ao governo, que defendeu Assembléia Constituinte. Para analistas, derrota enfraquece ainda mais oposição

Por Agencia Estado
Atualização:

Prestes a confirmar a vitória do "sim" no plebiscito de domingo, 15, que convocou a instalação de uma Assembléia Constituinte no Equador, o governo do presidente esquerdista Rafael Correa partirá de uma posição confortável para aprovar as reformas que serão propostas por seus partidários durante a criação da nova Carta. Isso porque, segundo analistas ouvidos pela Efe, mais do que uma importante conquista política para Correa, a aparente vitória do "sim" representou um novo revés para oposição, grupo majoritário no Congresso do país. Segundo uma pesquisa de boca-de-urna divulgada na noite de domingo, o "sim" à Constituinte, apoiado por Correa, obteve 78,1% dos votos, enquanto o "não", defendido por grupos da oposição, alcançou apenas 11,5%. O resultado arrasador, ainda que extra-oficial, revela que a oposição ficará "praticamente sem capacidade de resposta", segundo o analista político Hugo Barber. A oposição "continua encurralada e está ainda mais encurralada que antes do plebiscito" de domingo, disse Barber, após afirmar que a derrota na consulta popular é a terceira grande batalha perdida pelos grupos opositores de direita. Vitórias de Correa A primeira foi nas eleições presidenciais de novembro do ano passado, quando Correa venceu, no segundo turno, o magnata Álvaro Noboa, do Partido Renovador Institucional de Ação Nacional (Prian). Nas presidenciais, Correa venceu com 56,8%, enquanto Noboa obteve 43,2%. Mesmo assim, o Prian se tornou a primeira força do Parlamento, ultrapassando outros partidos opositores como o Social Cristão (PSC), Sociedade Patriótica (PSP) e a União democrata-cristã (UDC). A segunda derrota da oposição foi no Congresso, quando a maioria decidiu enfrentar a consulta popular e a Constituinte promovida por Correa. A maioria opositora decidiu "substituir" o presidente do Tribunal Supremo (TSE), Jorge Acosta, por ter permitido a consulta do Executivo sem o aval da Câmara, o que alguns de seus integrantes qualificaram como "grande erro". Em resposta, Acosta decidiu destituir os 57 legisladores que o haviam sancionado por "interferir" no processo da consulta popular. O chefe do TSE, a máxima autoridade do país em questões eleitorais, não voltou atrás em sua posição, apesar dos recursos dos sancionados para recuperar as cadeiras. "As consecutivas derrotas da oposição a prejudicou muito", disse Barber, após considerar que a vitória do "sim" na consulta do domingo "é o fim dos 57 congressistas" cassados. Conseqüências De agora em diante, segundo o analista, o Congresso não deixará de ser controlado pela oposição, mas esta não manterá a força de antes, pois contará com deputados suplentes, rebelados contra os cassados. Barber, que dirige o Centro de Estudos e Análise, sustenta que o governo de Correa, revestido com a vitória arrasadora de domingo, possivelmente diminuirá o tom de confronto com a oposição. Para Barber, a estratégia servirá para Correa levar adiante "uma colocação mais programática", de conteúdo, "para conseguir mais membros da Assembléia" e começar a definir os temas que serão discutidos na Constituinte. A oposição respondeu ao resultado com ameaças e alegações de supostas irregularidades cometidas no processo para a consulta popular. Neste sentido, Álvaro Noboa assegurou que na história houve personagens que, aparentemente, foram derrotados e depois surgiram como grandes vencedores, e usou Jesus Cristo como exemplo. O líder populista espera que a sorte de Correa possa se reverter na Constituinte, e por isso afirmou que o Prian apresentará candidatos à Assembléia. Outro opositor que apoiou o "não" na consulta, o ex-presidente Osvaldo Hurtado, que dirige a UDC, expressou confiança de que o povo saia, em breve, do sonho que tem com Correa. Hurtado anunciou que, apesar da derrota arrasadora, a UDC apresentará candidatos à Constituinte "para defender a democracia" e porque teme que o esquerdista Correa consiga impor no país o "socialismo do século XXI", um pesadelo para a oposição.

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