PUBLICIDADE

Após vitória na Câmara, Obama tenta vender reforma da Saúde a eleitores

Agenda doméstica. Presidente quer converter aprovação de seu mais ambicioso plano interno em trunfo nas eleições legislativas de novembro; republicanos prometem convencer americanos de que mudança representa 'estatização' e 'desrespeito à liberdade'

Por Patrícia Campos Mello
Atualização:

CORRESPONDENTEWASHINGTONO presidente Barack Obama assina hoje na Casa Branca a lei da reforma do sistema de saúde, que vai estender assistência médica para 32 milhões de americanos que atualmente não têm seguro. Mas, apesar de a reforma ser um avanço histórico - EUA eram o único país rico que não garantia acesso universal -, não se sabe se a lei trará dividendos políticos para Obama. Aprovar a lei foi duro, mas ganhar o apoio da população para a reforma será mais difícil ainda. Muitos acham que as eleições legislativas de novembro serão um referendo sobre a reforma. Se os eleitores aprovarem as mudanças, será bom para os democratas. Senão, os democratas podem até perder a maioria que detêm tanto na Câmara como no Senado."Cada uma das disputas eleitorais de novembro será um referendo sobre a reforma", disse o líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell. Para ganhar o apoio da população, Obama vai começar uma ofensiva de relações públicas na quinta-feira, com uma viagem a Iowa. Grande parte dos americanos (segundo a última média do Pollster.com, 49,9%) é contra a reforma. O presidente Obama considera que, uma vez aprovada, a reforma será compreendida melhor pelos americanos. Assim, o presidente e outras altas figuras do partido vão passar os próximos meses "vendendo" a reforma para o público, para colher os frutos na eleição de novembro. Já a oposição republicana deverá passar os próximos meses tentando convencer os eleitores de que a reforma era mesmo o pesadelo que eles pintaram, a qual estatizará o sistema de saúde e arruinará a assistência médica. Resistência. A lei da saúde sofre grande resistência por parte dos republicanos. Eles acham que a reforma traz um excesso de intervenção do governo no sistema de saúde, não resolve o problema da inflação nos custos com assistência médica nem combate o excesso dos processos contra erros médicos. Os democratas acham que será uma tarefa difícil dizer para os milhões de americanos que passarão a ter seguro de saúde que a reforma é má ideia. "Os republicanos exageraram em suas críticas contra a reforma", disse Dan Pfeiffer, diretor de comunicações da Casa Branca. A reforma foi aprovada no domingo, com 219 votos a favor e 212 contra. Nenhum republicano votou a favor da lei. A legislação estava tramitando no Congresso há 14 meses. Era a prioridade da agenda doméstica de Obama. Se a reforma não fosse aprovada, seria uma derrota acachapante para Obama, uma demonstração da incapacidade do presidente de tirar sua agenda do papel.Repercussões. Mas aprovar a medida pode trazer repercussões negativas nas eleições legislativas de novembro, quando todos os deputados e parte dos senadores enfrentam as urnas. Os republicanos prometem fazer da Saúde uma bandeira eleitoral e conquistar cadeiras dos democratas que apoiaram a legislação.A lei de reconciliação, que faz ajustes na reforma aprovada no domingo, deve ser votada no Senado até sábado. Entre outras coisas, a lei de reconciliação aumenta o valor dos subsídios do governo que serão concedidos a famílias que não têm renda suficiente para pagar pela assistência médica.PARA LEMBRARA reforma do sistema de saúde dos EUA era uma das principais promessas de campanha de Barack Obama, eleito em 2007. Mas a aprovação no Congresso demorou em razão da resistência de muitos setores conservadores da sociedade e da obstrução da oposição republicana, que acredita que a nova lei é uma intervenção autoritária do Estado no setor e ampliará os custos com a saúde, aumentará o déficit e reduzirá as escolhas dos pacientes.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.