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Aposentados chineses pedem que governo respeite direitos

Atualização:

Funcionários aposentados da China, entre eles um ex-secretário de Mao Tsé-tung, exortaram o governo a respeitar a liberdade de expressão, em mais um desafio aos controles do Estado visto depois de um dissidente preso ter ganhado o Prêmio Nobel da Paz. Os 23 signatários da carta enviada ao Parlamento chinês, controlado pelo Partido Comunista, incluem Li Rui, que no passado foi secretário do falecido líder revolucionário Mao, e Jiang Ping, ex-membro do comitê de assuntos legais do Parlamento. Jiang disse à Reuters que a carta foi divulgada na terça-feira, mas redigida no início do mês, antes do anúncio, feito na sexta-feira, da outorga do Prêmio Nobel da Paz ao dissidente chinês Liu Xiaobo, que cumpre pena de 11 anos de prisão por ter pedido mudanças democráticas abrangentes. "É uma reivindicação muito simples", disse Jiang, que é professor de direito aposentado. "Queremos apenas que seja respeitado o direito à liberdade de expressão prometido pela Constituição." A despeito de uma Constituição que promete a liberdade de expressão e de reunião, a carta diz que essa liberdade "vem sendo negada pelas regras detalhadas implementadas pelo Partido e o governo". "Esta falsa democracia - respeitada em princípio, mas negada na prática - é um escândalo na história mundial da democracia", diz a carta, uma cópia da qual foi entregue à Reuters. Dois outros signatários confirmaram a veracidade da carta, que não faz menção ao Nobel da Paz. A carta foi circulada também em sites em língua chinesa fora da China continental, e seu aparecimento pode intensificar os temores do governo em relação aos desafios a seus controles amplos. Os ex-funcionários do governo, editores e intelectuais idosos que assinaram a carta hoje exercem pouca influência política, e é pouco provável que a carta exerça impacto sobre o governo unipartidário, que já declarou que o Prêmio Nobel concedido a Liu tampouco vai levar a mudanças no sistema político. Mas o chamado renovado lançado por esse grupo reformista mostra que a insatisfação com a rede estreita de censura e controle político chinês continua a desafiar a liderança do Partido, que na sexta-feira terá uma reunião de alto nível para discutir planos econômicos e questões de sucessão. Os líderes da China dizem que os cidadãos chineses já gozam da liberdade de expressão, que, eles afirmam, é limitada, como acontece em outros países. Mas o premiê Wen Jiabao tem ido mais longe que seus pares, exortando à adoção de reformas políticas mais aceleradas que visem aumentar a liberdade de expressão dos cidadãos e reforçar seus direitos. "Nossa reivindicação principal é o fim da censura", diz a carta, que também pediu o fim de tabus em torno de episódios delicados da história do Partido Comunista. "Os cidadãos chineses têm o direito de saber sobre os crimes e delitos do Partido governista", acrescenta a carta. (Reportagem de Chris Buckley)

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