Apresentador da opositora RCTV é morto em Caracas

García é o 2.º jornalista venezuelano assassinado neste mês; suspeita inicial é de crime comum

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Por AFP e EFE E AP
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O jornalista venezuelano Javier García, da rede de televisão opositora Rádio Caracas Televisão (RCTV), foi encontrado morto em seu apartamento em Caracas, de acordo com a imprensa local. García foi assassinado a punhaladas. Ele foi o segundo jornalista opositor morto na Venezuela neste mês. No dia 3, Pierre Fould Gerges, vice-presidente do jornal Relatório Diário da Economia - que publicou uma série de denúncias de corrupção em estatais e na administração pública - levou pelo menos dez tiros quando voltava para casa no carro de seu irmão, diretor do jornal. No caso de García, porém, as suspeitas iniciais são de que se tratou de um crime comum, segundo a polícia. García, de 37 anos, apresentava o noticiário matutino da RCTV, que era a emissora de maior audiência da Venezuela até ser retirada do ar, em 27 de maio de 2007, depois que o governo se negou a renovar a sua concessão. Desde então, a emissora vem transmitindo sua programação na televisão por cabo. A RCTV emitiu nota oficial lamentando o assassinato e ressaltando que as circunstâncias do crime ainda não estão claras. O corpo de García foi achado por seu irmão, que foi até sua residência, após dois dias sem receber notícias do jornalista. Ele tinha três facadas no peito e duas na coxa direita, segundo a imprensa venezuelana. O chefe da polícia local, Wilfredo Borras, disse que um vigia do edifício será convocado para fazer o retrato falado de um homem que, segundo ele, tentou sair do prédio com uma mala, após ter ido ao apartamento de García. O ministério público venezuelano anunciou ontem ter iniciado as investigações sobre a morte de García, em coordenação com a Divisão de Homicídios do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC).O incidente causou comoção na opinião pública venezuelana - que protesta contra os crescentes índices de violência. Apesar das suspeitas de que os responsáveis pela morte de García sejam criminosos comuns, o episódio faz aumentar a tensão que tem caracterizado o trabalho da imprensa na Venezuela. Em constante choque com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, os profissionais de TV, jornais, revistas e rádio acusam o governo de motivar, ou pelo menos não reprimir, a ação de grupos que atacam meios de comunicação opositores. Chávez, por seu lado, acusa a imprensa de ter colaborado com a tentativa de golpe contra o seu governo, em 2002. Ainda ontem, o diretor da controladoria-geral da República da Venezuela, Clodosbaldo Russián, defendeu a decisão de seu gabinete de tornar inelegível para o exercício de funções públicas 400 pessoas - entre eles, opositores que pretendiam se candidatar para as eleições de novembro para deputados, governadores e prefeitos.

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