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Aprovação de Piñera não se recupera e chega a 13% no Chile; protestos continuam

No dia 27 de outubro, ela já havia despencado para 14%, a menor aprovação de um presidente chileno desde a volta da democracia no país há três décadas 

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Por Redação
Atualização:

SANTIAGO - Apesar de suas concessões em meio aos protestos no país, a popularidade do presidente Sebástian Piñera não se recupera e nesta segunda-feira, 4, registrou mais um índice histórico: 13% de aprovação, segundo o instituto de pesquisas Cadem. No dia 27 de outubro, ela já havia despencado para 14%, a menor aprovação de um presidente chileno desde a volta da democracia no país há três décadas. 

Piñera paga pelos erros na gestão da crise desde o primeiro dia de protestos com uma queda acentuada da sua popularidade. Em um fim de semana frenético, com saques a supermercados, incêndios de infraestruturas e excessos, o presidente decretou estado de emergência, enviou militares às ruas e impôs um toque de recolher, medidas que não eram tomadas desde a época da ditadura de Augusto Pinochet.

Policial atingida por bomba de gasolina é ajudada por colegas em Santiago Foto: Jorge Silva/Reuters

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Nesta segunda-feira, foi divulgado ainda que a economia chilena cresceu 3% em setembro em comparação com o mesmo mês do ano anterior, completando seu melhor trimestre do ano, mas, com os protestos, o governo prevê uma queda até o fim do ano, com uma retração de 0,5% em outubro.

"O que nós esperamos para o quarto trimestre é uma situação completamente diferente, produto dos eventos que todos conhecemos", disse o ministro da Fazenda, Ignacio Briones.

A Câmara de Comércio de Santiago (CCS) indicou que 46% das empresas do setor sofreu danos diretos e enfrentaram custos por menores vendas. 

Tentativa de normalidade 

Centenas de manifestantes em frente aos tribunais e taxistas com bandeiras contra a cobrança de pedágios dentro da cidade lançaram uma "supersegunda" de protestos sociais no Chile, onde começou a terceira semana de uma crise sem solução no horizonte e que desgasta o governo Piñera.

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Policiais são atingidos por bomba de gasolina durante os protestos em Santiago Foto: Jorge Silva/Reuters

Desde cedo, Santiago teve mais trânsito e pedestres do que nas segundas-feiras anteriores, quando os danos à infraestrutura de transporte público, os saques e os incêndios paralisaram parcialmente a rotina de estudantes, trabalhadores e do comércio.

"A luta continua, mas temos de levantar o país. Não convém a ninguém que o país despenque", disse à France-Presse Olga Pérez, uma contadora que ia ao trabalho após uma hora e meia de viagem no ônibus da sua casa. "Ainda não temos o metrô habilitado", disse a moradora de Puente Alto, subúrbio operário atingido por atos de vandalismo.

"Ainda não terminou", dizem as convocações pelas redes sociais para essa "supersegunda" no Chile, um dos países mais estáveis da América Latina até o dia 18 de outubro, quando eclodiu um protesto social sem precedentes desde a redemocratização em 1990. O governo ainda não conseguiu controlar a crise, que deixou 20 mortos.

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Os protestos questionam um Estado ausente em educação, saúde e Previdência com base em um modelo econômico de livre-mercado, onde uma minoria controla a riqueza do país. Dessa maneira, multiplicaram-se as vozes da esquerda e da direita que pedem uma mudança na Constituição, herdada da ditadura Pinochet.

Os atos nas ruas de Santiago nesta segunda-feira acabaram mais uma vez em violência. Bombas de gasolina lançadas pelos manifestantes atingiram duas policias carabineiras, que tiveram suas fardas incendiadas. Vídeos postados no Twitter mostram o momento em que os colegas tentam ajudar as policiais, como nesse postado pela porta-voz do governo, Karla Rubilar Barahona. / COM AFP

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