Árabes cogitaram silenciar sobre morte de palestino

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Por AE
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Telegramas diplomáticos divulgados pelo WikiLeaks, site voltado para a publicação de documentos confidenciais de nações, indicam que autoridades dos Emirados Árabes Unidos discutiram se deveriam se manter caladas sobre o assassinato de um importante integrante do Hamas no país, em janeiro deste ano. Agentes do Mossad, o serviço de inteligência de Israel, são suspeitos pelo assassinato do membro da organização palestina.Os documentos também mostram que os Emirados Árabes buscaram ajuda dos Estados Unidos para rastrear detalhes de cartões de crédito que a polícia de Dubai acredita que tenham sido usados por um esquadrão estrangeiro envolvido no assassinato.Autoridades de Dubai não discutiram a morte de Mahmoud al-Mabhouh até 29 de janeiro, nove dias depois de seu corpo ter sido descoberto no quarto fechado de um hotel nas proximidades do aeroporto. A demora em comentar o caso foi precedida por debates nos níveis mais altos do governo dos Emirados Árabes. Autoridades discutiram entre "não falar nada ou revelar mais ou menos a extensão das investigações no país", segundo um dos telegramas.Inicialmente, a polícia se referiu aos assassinos como "um experiente grupo criminoso" que viajava com passaportes europeus. Só mais tarde as forças de segurança responsabilizaram diretamente o Mossad. O Hamas acusa Israel pelo assassinato, mas Israel nunca reconheceu ter realizado a ação. Os telegramas, que foram publicados no sábado, não trazem novidades sobre as identidades dos assassinos, mas em um deles, o embaixador norte-americano na capital dos Emirados Árabes, Abu Dhabi, aponta um possível motivo por trás da decisão do país de eventualmente revelar detalhes sobre o assassinato."Não dizer nada seria considerado uma proteção aos israelenses e, no final, os Emirados Árabes escolheram revelar tudo", escreveu o embaixador Richard Olson. "A declaração foi feita cuidadosamente para que não apresentasse acusações diretas, mas a referência a um grupo com passaportes ocidentais será entendida localmente como uma referência ao Mossad."Outro telegrama destaca o pedido dos Emirados Árabes, feito em 24 de fevereiro aos Estados Unidos, por ajuda para rastrear detalhes sobre os usuários de cartões de crédito e outras informações relacionadas aos supostos assassinos. A polícia de Dubai disse que muitos dos supostos assassinos usaram cartões de crédito pré-pagos emitidos por um banco em Iowa e que foram distribuídos por meio de outra empresa norte-americana, conhecida como Payoneer.Funcionários da embaixada norte-americana passaram os detalhes do pedido para o FBI e pediram a Washington que os disponibilizasse com urgência, segundo o telegrama. A assessoria de imprensa do governo de Dubai informou estar analisando das revelações e não fez qualquer comentário sobre o caso nesta terça-feira. As informações são da Associated Press.

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