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Árabes criticam ingerência do Irã no Oriente Médio

Em entrevista publicada pelo jornal saudita Asharq Al-Awsat, líderes da Jordânia e Arábia Saudita pediram que os iranianos não desestabilizem países árabes

Por Agencia Estado
Atualização:

O rei Abdullah da Jordânia e o ministro de Exteriores saudita, Saud al-Faisal, pediram ao Irã que pare de intrometer-se nos assuntos internos de alguns países árabes. "Queremos ver relações positivas e equilibradas entre o Irã e os Estados árabes, mas o Irã deve abster-se de desestabilizar a situação na Palestina, no Líbano, no Iraque e em outros países da região", diz Abdullah em entrevista publicada nesta quarta-feira pelo jornal saudita Asharq Al-Awsat. O monarca já advertiu há dois anos do nascimento do que ele chamou de "arco xiita", no qual agrupava Irã, Iraque, Síria e Líbano, países dominados por xiitas ou com fortes comunidades deste credo, mas atualmente o dirigente rejeita usar essa expressão, que na época causou mal-estar com Teerã. Sobre o Iraque, afirma que a situação "é muito grave e complicada, a continuidade dos atentados incita a violência sectária", antes de mostrar sua esperança de que "os esforços dos países vizinhos estão destinados a acabar com a situação atual para impedir que o país fique em meio a uma guerra civil". Sobre o conflito do Oriente Médio, Abdullah diz que suas recentes conversas com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, o convenceram de que Washington está disposto a resolver o conflito israelense-palestino através da criação de um Estado palestino independente. "O que pretendo dizer é que as regras do jogo e os jogadores mudaram desde a guerra do Líbano, e todo o mundo, principalmente, Israel, deve perceber que, a menos que alcancemos uma solução à questão palestina este ano, todos pagarão um alto preço", acrescenta. Faisal pediu que o Irã "não se intrometa nos assuntos árabes" e considera que, sem interferências externas, os libaneses poderão resolver sua crise, em entrevista ao jornal francês "Le Figaro" às vésperas da conferência internacional de ajuda econômica ao Líbano em Paris. "Se outros procurarem exportar sua batalha ao Líbano, a situação vai se complicar", adverte o príncipe saudita, para quem a estabilidade desse país está "ameaçada devido às intervenções externas". Faisal liderará a delegação de seu país na Conferência de Paris, onde anunciará uma "nova ajuda", que se somará aos US$ 3 bilhões já oferecidos desde o conflito entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah em meados do ano passado. Após afirmar que o Hezbollah está "submetido a muitas pressões, especialmente do exterior", afirma que esse grupo considera-se "uma organização libanesa", mas "outros não compartilham esta opinião e não se sabe ainda "que tendência prevalecerá". Sobre se está a favor de uma ação militar para conter as pretensões nucleares do Irã, o ministro saudita diz que "o conflito com o Irã é político e deve ser resolvido através da diplomacia", ao mesmo tempo em que considera "um erro" empreender uma ação militar. Para o ministro, ainda restam "muitas possibilidades" para resolver pela via diplomática a disputa sobre o programa nuclear do Irã, como criar um consórcio internacional entre os países da região sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Esse consórcio poderia ficar em um país neutro, "inclusive fra do Oriente Médio", com "todas as garantias para que um programa nuclear não seja desviado para fins militares", afirma.

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