Árabes pedem à ONU que lidere novo processo de paz no OM

Líderes pediram a israelenses e adversários que aprendam com os erros do passado e enfrentem pacificamente a violenta situação atual da região

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Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário-geral da Liga Árabe, Amro Musa, e o secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo, Abdul Rahman bin Hammad, pediram nesta quinta-feira, 10, à Organização das Nações Unidas (ONU) que lidere um novo processo de paz entre árabes e israelenses. Os dois dirigentes participaram da sessão inaugural do fórum "Madri+15" - que ocorre 15 anos depois da Conferência de Paz para o Oriente Médio de Madri - pedindo para que árabes e israelenses aprendam com os erros do passado e enfrentem pacificamente a situação caótica da região. Musa destacou que a Conferência de Madri em 1991 abriu pela primeira vez a esperança de que "israelenses e palestinos negociassem diretamente", mas considerou um erro a ausência da ONU no encontro. "A exclusão da ONU foi a diferença dessa conferência e meu pedido é que não volte a ocorrer esse erro", disse Musa, que considerou que em Madri se consagrou "uma política de gestão de conflitos, em vez de uma de solução de conflitos". O resultado, para o secretário-geral da Liga Árabe, é que "quinze anos após (o primeiro encontro) não há paz e não há processo de paz", e que a situação se complicou com o crescimento do terrorismo, a guerra do Iraque e a proliferação nuclear. "A comunidade internacional devia abordar a situação. Peço a essa reunião que solicite uma conferência internacional de paz, mas agora liderado pelas Nações Unidas para que se possa retomar o processo de paz", disse o líder árabe. Essa conferência, ressaltou, deve contar com "um marco temporal e objetivos plenamente definidos", de maneira que se possa chegar a "uma paz justa para a região", com um Estado palestino "com plena soberania" e sem ameaças militares e nucleares. "São coisas que têm de se negociar de boa fé", assinalou Musa, que também pediu a Israel para que "não tenha medo de chegar à paz". Compartilha dessas opiniões o secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo, que considera Israel como principal "desafio à legalidade internacional". Segundo ele, o Estado judeu não cumpre as resoluções da ONU sobre a ocupação de territórios e dos assentamentos. Rahman bin Hammad também apoiou uma "nova conferência de paz, sob o comando das Nações Unidas". Já o coordenador das Nações Unidas para o Oriente Médio, Alvaro de Soto, ressaltou o trabalho do Quarteto (Estados Unidos, Rússia, ONU e União Européia) no auxílio aos esforços de Madri. Para ele, o importante, agora, é "precisar com mais nitidez onde estamos indo e onde estão indo as partes, porque isso está muito obscuro." Também é preciso entender, acrescentou De Soto, que o objetivo não é somente a paz entre os palestinos e israelenses, mas "entre Israel e seus vizinhos árabes". De Soto se mostrou pessimista, pois atualmente nem os palestinos nem os israelenses cumprem seus compromissos, e expressou uma especial preocupação pela situação de enfrentamento que se vive no centro da Autoridade Nacional Palestina entre o Fatah e o Hamas. "Os palestinos ultimamente vêm nos dando muitos sustos (...). As Nações Unidas constatam diariamente como estão chegando à beira do abismo", advertiu.

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