Arábia Saudita diz que ataque ao Iraque só com apoio internacional

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Por Agencia Estado
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Os EUA só poderão usar suas bases no território saudita para um ação contra o Iraque se houver um apoio internacional ao ataque e ele não violar a natureza defensiva das bases, explicou o ministro do Exterior da Arábia Saudita numa entrevista publicada hoje. Na entrevista ao diário Al-Rai Al-Am, também divulgada pela agência de notícias estatal do Kuwait, Kuna, o príncipe Saud al-Faisal afirmou que ainda existe uma ameaça de guerra na região apesar da oferta do Iraque de aceitar o retorno incondicional de inspetores de armas da ONU. Os comentários do chanceler saudita repercutiram em toda a região. O jornal estatal sírio Tishrin, que reflete o pensamento oficial, saudou a decisão do Iraque de aceitar a volta das inspeções mas escreveu que Washington ainda se inclina por uma guerra que afundaria a região em "sangue e destruição". A Síria, antes um inimigo jurado do Iraque, tem construído laços comerciais com Bagdá nos últimos anos. O presidente iraniano, Mohamad Khatami, disse que todos os esforços devem ser feitos para se evitar uma nova guerra. "Esperamos que a região não testemunhe mais uma crise como resultado de uma invasão militar", afirmou após uma reunião ministerial. O Irã, que travou uma guerra contra o Iraque na década de 80 e ainda vê com suspeição seu vizinho, rejeitou qualquer ação unilateral dos EUA, mas adiantou que apoiaria uma ação liderada pela ONU se inspetores provarem que Bagdá tem desenvolvido armas de destruição em massa. "Desde que somos signatários de convenções internacionais que proíbem armas de destruição em massa, o Irã apóia qualquer ação da ONU contra qualquer país", explicou o porta-voz governamental Abdollah Ramezanzadeh. Mas ele acrescentou que o mesmo padrão deve ser aplicado a "todos os violadores (das convenções), incluindo Israel". Vizinhos do Iraque temem que a já volátil região afundaria no caos com uma guerra entre Washington e Bagdá, e eles teriam desempenhado um papel-chave no convencimento do Iraque de aceitar a volta dos inspetores. O ministro saudita, príncipe Saud, havia declarado num primeiro momento que as instalações militares dos EUA no reino não estariam disponíveis para um ataque contra o Iraque. Mas ao reverter a posição no domingo, num comunicado emitido nas Nações Unidas, a Arábia Saudita fez aumentar significativamente a pressão sobre o Iraque para aceitar as inspeções. Numa advertência aos EUA contra uma ação unilateral, Saud disse ao jornal kuwaitiano que a comunidade internacional deve tratar a questão iraquiana através da ONU e não individualmente. Saud afirmou que as bases americanas na Arábia Saudita são de natureza defensiva, e não ofensiva. "Não nos importamos de maneira nenhuma que as bases sejam usadas de acordo com seus objetivos. As bases podem ser usadas para a defesa da paz mundial dentro dos parâmetros internacionais. Ele acredita que a resolução do problema iraquiano contribuirá enormemente para a solução da questão israelense-palestina. "Gostaríamos que as duas crises fossem resolvidas de acordo com o direito internacional e com base numa paz justa e total", disse.

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