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Arábia Saudita proíbe quem não quiser tomar vacina contra covid de peregrinar a Meca

Com pouco mais de um terço de sua população com ao menos uma dose da vacina contra a covid-19, o governo da Arábia Saudita decidiu impor restrições turísticas e religiosas a quem não quiser tomar o imunizante

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Por Redação
Atualização:
Em pequenos grupos, peregrinos cumprem o ritual das sete voltas na Kabaa, a construção cúbica que fica no centro da Grande Mesquita de Meca Foto: STR / AFP

RIAD - Com pouco mais de um terço de sua população com ao menos uma dose da vacina contra a covid-19, o governo da Arábia Saudita decidiu impor restrições turísticas e religiosas a quem não quiser tomar o imunizante. Berço do islamismo e um dos países mais religiosos do mundo, o reino proibiu quem não tiver recebido as doses de peregrinar a Meca.

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A umrah, viagem ao berço do Islã que pode ser feita ao longo do ano, só será permitida a quem está com a vacinação em dia. O mesmo ocorre com o hajj, viagem a Meca que todo muçulmano deve fazer ao menos uma vez na vida. Viagens ao exterior também serão exclusivas para quem tiver se vacinado.

A razão para isso é econômica. Riad quer reativar o turismo, os eventos esportivos e o entretenimento, setores muito afetados pela crise da saúde e essenciais para o plano "Visão 2030", que visa diversificar sua economia, altamente dependente do petróleo.

O país também anunciou que a vacinação seria obrigatória a partir de agosto para entrar em estabelecimentos públicos e privados, incluindo centros de ensino e lazer, além do transporte público. Além disso,  apenas funcionários vacinados dos setores público e privado poderão retornar aos seus empregos.

Essas medidas provocaram críticas, inclusive nas redes sociais, com as hashtags "Não à vacinação compulsória" e "Meu corpo, minha escolha". "Você não poderá fazer mais nada (...) Viajar! Trabalhar! Ir a lugares públicos! Nem mesmo comprar comida! Ou estudar!", tuitou um internauta.

As medidas sauditas contrastam com a política de incentivos de alguns países como os Estados Unidos, onde a mídia fala em pagamentos, ingressos para jogos de beisebol e até cerveja grátis para estimular a vacinação. 

"Uma monarquia como a da Arábia Saudita pode adotar tal ação e provavelmente será eficaz para convencer aqueles que não querem se vacinar", diz Monica Gandhi, professora de Medicina da Universidade da Califórnia. "No entanto, pode ser visto como coercitivo", comentou.

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Outros governos da região adotaram medidas semelhantes. Nos Emirados Árabes Unidos, Dubai anunciou que pessoas não vacinadas não poderão assistir a eventos esportivos e shows. Na semana passada, o Bahrein informou que está estudando restrições temporárias para que apenas pessoas vacinadas possam entrar em shoppings, restaurantes, cinemas e salões de beleza. No Catar, Kuwait e Emirados, os cidadãos lançaram uma campanha nas redes sociais para denunciar a "vacinação obrigatória". 

Mas a Arábia Saudita, a maior economia árabe, parece deteminada a continuar com sua política, coincidindo com grandes eventos midiáticos para melhorar sua imagem.  Riad poderia pagar mais de US$ 150 milhões para receber uma luta de boxe entre Tyson Fury e Anthony Joshua este ano, segundo a ESPN. O país também deve sediar uma cúpula de investimentos em outubro e seu primeiro Grande Prêmio de Fórmula 1 em dezembro.

"As vacinas são fundamentais para que o motor econômico do país volte à plena capacidade", de acordo com Robert Mogielnicki, do Instituto para os Países Árabes do Golfo, em Washington.  O ministério da Saúde afirma já ter administrado mais de 12 milhões de doses neste país de 34 milhões de pessoas./ AFP

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