RIAD - O rei Salman da Arábia Saudita substituiu nesta quinta-feira seu ministro das Relações Exteriores, na primeira remodelação do governo desde o escândalo internacional causado pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.
Ibrahim al Assaf, ex-ministro das Finanças, foi nomeado chanceler no lugar deAdel al-Jubeir, escolhido para as Relações Exteriores pelo rei Abdullah, morto em 2015.
Jubeir, que foi diplomata nos Estados Unidos e tem um perfeito domínio doinglês, foi relegado a vice-ministro das Relações Exteriores.
Durante os últimos meses, Jubeir defendeu o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman no caso Khashoggi, que manchou a imagem do regime saudita após o assassinato do jornalista no dia 2 de outubro, dentro do consulado saudita em Istambul.
A Arábia Saudita afirma que Jamal Khashoggi foi assassinado em uma operação que ocorreu "fora do controle" de suas autoridades, sob a iniciativa do subdiretor dos serviços secretos sauditas, Ahmad al Asiri, e do conselheiro da Corte Real Saud al-Qahtani, ambos destituídos.
Riad nega qualquer envolvimento do príncipe herdeiro no assassinato, mas a CIA e a imprensa turca apontam nesta direção.
A nomeação de Ibrahim al-Assaf faz parte de uma remodelação do governo saudita anunciada inesperadamente nesta quinta-feira, na qual os outros grandes ministérios não foram afetados.
O príncipe herdeiro e tambémministro da Defesa, Mohamed Bin Salman, não muda sua pasta, assim como o ministro do Interior, Nayef ben Abdel Aziz.
Muitos outros ministros, incluindo da Energia, Jaled al-Faleh, e das Finanças, Mohamed al-Jadaan, também permanecem no cargo.
"É impossível não relacionar (a substituição do chanceler) com Khashoggi", explicou à AFP Mohamed Alyahya, especialista do Gulf Research Center, recordando que as mudanças de governo na monarquia saudita ocorrem de quatro em quatro anos.
A mudança não afeta qualquer setor ligado à gestão da economia, apesar da monarquia saudita registrar déficit público (US$ 35 bilhões) pelo sexto ano consecutivo, em razão da queda nos preços do petróleo.
Riad, cuja economia depende das exportações de petróleo, prevê uma arrecadação total de US$ 260 bilhões em 2019.
As autoridades sauditas esperam um crescimento do PIB de 2,3% em 2018, uma melhora significativa em relação ao 0,9% registrado em 2017.
O executivo acredita em manter o crescimento em 2019, com avanço de 2,6%. / AFP