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Arafat promete divulgar data de eleições nos próximos dias

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, anunciou hoje em um breve discurso na reunião do novo gabinete de governo, em Ramallah, que fixará por decreto, "nos próximos dias", a data das eleições locais, legislativas e presidenciais. Altos funcionários da Autoridade Palestina dizem que a votação deverá ser realizada dentro de seis meses. Arafat citou como prioridades do gabinete a reforma adminsitrativa, a reconstrução da infra-estrutura destruída pela ocupação israelense e a preparação das eleições. Os novos ministros mantiveram sua primeira reunião no complexo de escritórios da AP um dia depois de Israel ter retirado suas tropas de Ramallah, pondo fim ao cerco do quartel-general de Arafat. A primeira sessão seria domingo, mas foi adiada por causa da incursão do Exército israelense, que impôs toque de recolher na cidade. Como resultado da reformulação feita por Arafat, por pressão interna e da comunidade internacional, o gabinete foi reduzido de 31 para 21 membros e quatro ministros, substituídos. O novo governo tem como principal diferença a diminuição do número de forças de segurança - três, em vez das nove anteriores - e a nomeação de um ministro do Interior, general Ahmed Razak-Yhiyah, encarregado de supervisionar todas elas. Antes, os chefes das forças se reportavam a Arafat. A designação de Salem Fayad para titular da pasta de Finanças foi bem-recebida no exterior pelo fato de ele ter larga experiência em entidades financeiras internacionais. Sua nomeação é uma tentativa da Autoridade Palestina de assegurar aos doadores de ajuda estrangeiros que o governo agirá com transparência. Há forte descontentamento entre os palestinos e críticas constantes da União Européia (UE) e dos Estados Unidos com a corrupção e a falta de democracia na Autoridade Palestina. No entanto, opositores de Arafat e os governos dos EUA e de Israel, entre outros, consideram as reformas insuficientes. Pouco depois de retirar-se de Ramallah, na quarta-feira à noite, o Exército de Israel entrou no vilarejo de Tubas, perto de Jenin, no norte da Cisjordânia e está revistando as casas em busca de suspeitos de ações extremistas. Uma palestina de 15 anos que confessou seu plano de realizar um atentado suicida foi presa perto de Belém, segundo fontes israelenses. Em Londres, a Anistia Internacional (AI) pediu que a Autoridade Palestina liberte o secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), Ahmed Saadat, por estar detido desde fevereiro sem uma acusação formal. Saadat foi preso por pressão de Israel, pelo fato de a FPLP ter assumido a autoria do atentado que causou a morte de um ministro israelense em outubro último. Mas a Autoridade Palestina nunca o acusou de nenhum delito, alegando falta de provas. Hoje, o presidente dos EUA, George W. Bush, recebeu o chanceler saudita, príncipe Saud al-Faisal. É o terceiro dirigente do Oriente Médio com quem Bush se reúne em uma semana - antes, estiveram no país o presidente do Egito, Hosni Mubarak, e o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon. "Fiquei muito contente com o que ouvi do presidente", disse o príncipe à saída do encontro. Segundo altos funcionários da Casa Branca, Bush está se preparando para apresentar, provavelmente na semana que vem, um calendário para negociações visando à ampliação da segurança (de modo a pôr fim aos atentados contra israelenses), à reconstrução das instituições palestinas e à retomada de conversações políticas entre Israel e a Autoridade Palestina. Não há indicação de que ele proporá um prazo para a criação da Palestina, embora numa entrevista a um jornal árabe, na quarta-feira, o secretário de Estado, Colin Powell, tenha defendido a idéia de formação de um Estado provisório. O chanceler egípcio, Ahmed Maher, declarou hoje no Cairo que Mubarak não sugeriu o estabelecimento de um Estado provisório, como sugeriu Powell na mesma entrevista. Por sua vez, o secretário disse que a idéia do Estado provisório se parecia com a proposta apresentada por Mubarak a Bush na semana passada. Ainda hoje, o ministro israelense das Relações Exteriores, Shimon Peres, disse que o conceito do "Estado provisório" é muito parecido com as idéias surgidas durante os períodos em que conversou com o negociador palestino Ahmed Qureia.

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