Arafat só reprime milícias após retirada de Israel

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Por Agencia Estado
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O líder palestino, Yasser Arafat, rejeitou, neste domingo, um pedido do secretário americano de Estado, Colin Powell, para conter a violência, insistindo em que Israel precisa primeiro retirar suas tropas da Cisjordânia. Powell se reuniu com Arafat sob estritas medidas de segurança no destruído quartel-general do líder palestino em Ramallah, cercado desde o dia 29 pelo Exército israelense. O secretário considerou que seu encontro foi "útil e construtivo". Contudo, os negociadores palestinos disseram que Arafat só cumprirá a promessa de combater os grupos extremistas depois que as forças de Israel puserem fim às ofensivas militares contra cidades e vilarejos palestinos. Powell disse, após o encontro de três horas, que ele e Arafat "trocaram várias idéias". Durante o encontro, Powell apresentou seus pontos de vista e deixou claro que os "atentados à bomba devem cessar, pois representam um grande obstáculo para o avanço" dos assuntos políticos e de segurança, e da instauração de um Estado palestino. Arafat, por sua vez, expressou suas preocupações pelo sofrimento do povo palestino, especialmente em Jenin, um acampamento palestino na Cisjordânia onde vêm ocorrendo duros combates. Resistindo à missão de paz americana, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, reiterou neste domingo à noite, durante nova reunião com Powell, que seu Exército só se retirará dos territórios palestinos na Cisjordânia após concluída sua operação - sem fornecer um calendário, revelou um funcionário israelense. "Sharon reiterou que Arafat deve lutar contra o terrorismo", disse o funcionário. Powell também se reuniu durante cerca de uma hora com Sharon em Tel-Aviv. O secretário qualificou de "muitos boas" as conversações com Sharon nas quais ele pediu ao líder israelense a retirada dos territórios palestinos e expressou sua preocupação sobre a situação humanitária na Cisjordânia, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher em um comunicado. "Ele discutiu com Sharon algumas idéias sobre como obter o que os palestinos e os israelenses querem - o fim da violência e progresso em questões políticas", acrescentou o porta-voz. Segundo Raanan Gissin, porta-voz de Sharon, o líder israelense propôs a Powell que os EUA organizem uma conferência internacional sobre o Oriente Médio. "Esta conferência seria realizada sob a égide dos EUA, em um lugar neutro, e reuniria especialmente representantes de Israel, dos palestinos, do Egito, da Jordânia, do Marrocos, da Arábia Saudita e dos Emirados do Golfo", disse Gissin, acrescentando: "O plano saudita de paz poderia ser examinado e Israel apresentaria sua posição diretamente e sem condições prévias." Mas Sharon não aceita a presença de Arafat na proposta conferência. Powell visita nesta segunda-feira o Líbano e a Síria. As visitas não programadas ocorrerão em meio a ataques quase diários do grupo xiita libanês Hezbollah a posições israelenses nas Fazendas de Chebaa, conquistadas por Israel em 1967 e reivindicadas por Beirute. O Conselho de Segurança da ONU estudará na terça-feira o envio de tropas ao Oriente Médio, apesar de que uma decisão depende do resultado da visita de Powell à região. Uma fonte diplomática manifestou neste domingo seu ceticismo quanto à proposta do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, de envio de uma força de paz ao Oriente Médio, adiantando que uma votação sobre a medida possivelmente receberia o veto dos EUA. Grandes Acontecimentos InternacionaisESPECIAL ORIENTE MÉDIO

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